Foi realizada nesta terça-feira, 29 de outubro, a abertura da segunda edição da Semana Brasileira de Educação Midiática (SBEM), no auditório do Anexo do Ministério da Educação (MEC), em Brasília (DF). As atividades previstas para a Semana fortalecem habilidades de comunicação dos estudantes em temas como meio ambiente e mudanças climáticas, promoção do jornalismo de qualidade e direitos no ambiente digital.
“Acho que o esforço que a gente está fazendo aqui não é algo que modifica o que vai acontecer amanhã ou daqui a três meses, mas é algo que busca modificar a desorganização que o nosso tecido social hoje enfrenta, e que hoje marca a formação nossa como sociedade”
João Brant
Secretário de Políticas Digitais da Secom/PR
A 2ª SBEM é uma realização da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom PR), em parceria com o Ministério da Educação (MEC), com a Unesco e apoio da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), além de parceiros da sociedade civil. Este ano aborda o tema “Conectando territórios e diversidades” e terá uma agenda de atividades híbridas ligadas ao assunto ao longo da semana. O evento se integra à Media and Information Literacy Week 2024 da UNESCO, consolidando a posição do Brasil no debate global sobre Alfabetização Midiática e Informacional.
Na programação, estão previstas mesas de discussão, oficinas digitais de práticas de educação midiática, painéis sobre o papel da comunicação pública na promoção da educação midiática e sobre como identificar o jornalismo de qualidade, além de espaços de discussão com parceiros da França, da Dinamarca e do Reino Unido.
O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, João Brant, resumiu a abertura como um dia de celebração e agradecimento. “Hoje é um dia para nós de celebração e agradecimento a todos os parceiros do governo, da sociedade civil e da Unesco que fazem essa política possível. Estamos aqui celebrando um conjunto de ações que estão sendo concretizadas desde o ano passado e que vão ser formalizadas agora. Nós tínhamos uma opção de começar definindo uma regra e depois correr atrás para implementação ou começar testando a implementação e depois transformar em um decreto ou algo do tipo. E ao optar por esse segundo caminho a gente aposta na solidez, em construir antes as ações e dar a elas formato de politica pública”, destacou.
“Acho que o esforço que a gente está fazendo aqui não é algo que modifica o que vai acontecer amanhã ou daqui a três meses, mas é algo que busca modificar a desorganização que o nosso tecido social hoje enfrenta, e que hoje marca a formação nossa como sociedade”, conclui Brant.
CONSENSOS — Para a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Katia Schweickardt, a educação e o conhecimento são ingredientes fundamentais para se construir uma sociedade mais compreensiva e amorosa. “O desafio que está posto para todos nós é como é que a gente consegue criar novos consensos para se manter como sociedade. E para proporcionar isso às nossas crianças, adolescentes, jovens e os idosos que estão nesse mundo digital também”, apontou.
Ela acrescenta que o Brasil passa por um momento de redefinição do conceito de comunidades, que afeta a formulação das identidades individuais. “Imagina o que está acontecendo com a nossa juventude preta que era excluída da escola: 73% dos nossos estudantes beneficiários do Pé-de-Meia são pretos e pardos. Eles eram os ‘expulsáveis’ da escola. Eles nem sabem direito qual é o seu lugar no mundo, mas a Internet começou a dizer que ele pode ser de um lugar que ele nem sabia onde era fisicamente”, explicou a secretária. “Penso que a gente está junto no momento certo, na hora certa”, sintetizou, sobre a parceria entre a Secom e o MEC na pauta da educação midiática.
“As ações que serão desenvolvidas ao longo desta semana coroam um esforço coletivo e voluntário, articulado pelo Poder Público e que envolve diversos atores da sociedade civil”
Thiago Tavares
Diretor-presidente da Safernet
CIDADANIA – Representando a participação da sociedade civil na construção da Semana, o diretor-presidente da Safernet, Thiago Tavares, definiu “cidadania” como a palavra-chave para a abertura da iniciativa. “Cidadania para uma educação inclusiva, em tempo integral, voltada ao respeito e à promoção aos direitos humanos e ao desenvolvimento das habilidades digitais necessárias para o século XXI, um período profundamente marcado pela digitalização”, complementou.
“As ações que serão desenvolvidas ao longo desta semana coroam um esforço coletivo e voluntário, articulado pelo Poder Público e que envolve diversos atores da sociedade civil”, relembrou. “São nove instituições da sociedade civil participando dessa semana e aqui me permitam nomeá-las cada uma: Safernet, Vero, Redes Cordiais, Instituto Palavra Aberta, Intervozes, Abaré, Ação Educativa, Barão de Itararé e Geledés – Instituto da Mulher Negra”, elencou Thiago.
NIVELAR CONHECIMENTO — Adauto Soares, coordenador do Setor de Comunicação e Informação da Unesco Brasil, defendeu a preocupação da organização mundial com o tema e destacou a importância do avanço e da parceria com o governo brasileiro. “Batalhamos muito para conseguir estruturar algum tipo de política pública. E o Brasil constituiu essa política na Secom. Para nós é uma honra”, celebrou.
“A educação midiática deve envolver a todos, desenvolvendo habilidades de produção, interpretação e pesquisa de informações preparando para essa influência tecnológica”
Vivian Melcop
Assessora de Políticas Públicas Educacionais da Undime
SENSO CRÍTICO — Vivian Melcop, assessora de Políticas Públicas Educacionais da Undime, destacou a importância do desenvolvimento da capacidade crítica dos estudantes no contexto digital. “Estudantes precisam aprender a interpretar textos, notícias, vídeos, mensagens de WhatsApp, de chats, fóruns de discussão, publicações em mídias e redes sociais. A relação deles com as informações disseminadas e a produção de conteúdos deve ser alterada nessa perspectiva de senso crítico, ao ler qualquer mensagem e até ao produzir os seus próprios materiais e os seus próprios textos”, avaliou.
Ela também apontou que a educação midiática não deve ser direcionada apenas aos estudantes, mas também envolver mais agentes: família e comunidade que não tenham aluno diretamente na escola, mas permeiam esses ambientes. “A educação midiática deve envolver a todos, desenvolvendo habilidades de produção, interpretação e pesquisa de informações preparando para essa influência tecnológica”.
SENSIBILIDADE — Pilar Lacerda, presidenta da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) do Ministério da Educação, pontuou que a quantidade de informações e notícias divulgadas na internet causa um efeito dessensibilizador em quem consome e tem contato com grandes volumes de conteúdos. “Hoje, são centenas de notícias que crianças, jovens, adultos e idosos e idosas estão expostos o dia inteiro. A escola é o espaço da formação na luta contra propagação de notícias falsas”, assegurou.
Após a abertura oficial, foram realizadas duas mesas de discussões: a primeira, sobre Educação Midiática nas políticas públicas do MEC. Já a seguinte foi pautada na Educação Midiática para um futuro possível: interseções com temas contemporâneos.
COMO PARTICIPAR — A 2ª Semana Brasileira de Educação Midiática tem por objetivo mobilizar educadores e interessados na temática a organizarem suas próprias atividades em escolas e comunidades. As propostas podem ser feitas a partir de formulário disponível no site da Secom-PR, que disponibiliza também planos de aula e um repositório de conteúdos para inspirar educadores.
PLANOS DE AULAS – Além disso, por meio da página especial dedicada à 2ª Semana, pessoas interessadas em participar podem acessar vários planos de aula feitos por parceiros da Secom PR e do MEC, disponíveis para baixar gratuitamente.
Secretaria de Comunicação Social
Presidência da República