Desde 2018, há uma lei no Distrito Federal que proíbe a venda e o uso de cerol e linha chilena com multa para quem infringir a determinação. Porém, desde a regulamentação da norma, o Procon-DF, responsável pela aplicação das multas, não registrou nenhuma infração do tipo.
De acordo com a norma distrital, a multa vai de R$ 100 até R$ 1 mil, e o dinheiro seria revertido para o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Apesar de nenhuma multa ter sido aplicada em seis anos, são comuns ocorrências de motociclistas que se machucam no trânsito por causa de linhas chilenas ou cerol.
O caso mais recente ocorreu em 4 de fevereiro deste ano. Thaís Nunes de Oliveira, 30 anos, teve o pescoço cortado por uma linha de cerol depois de sair do trabalho na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Setor O, em Ceilândia.
A servidora da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) foi levada ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), onde permanece em estado grave
Linhas cortantes
As linhas cortantes são utilizadas por crianças e adolescentes com objetivo de cortar a linha da pipa adversária. A prática é conhecida popularmente como “torar”. Quando caem em áreas urbanas como, por exemplo, em vias públicas, o material pode causar graves acidentes, sobretudo com ciclistas e motociclistas que são atingidos no pescoço e região do tórax.
Cerol, chilena e indonésia são os tipos de linha cortantes mais conhecidos e utilizados no país. O cerol é uma mistura de vidro moído com cola; a chilena contém quartzo e óxido de alumínio em sua composição. A indonésia, que é 10 vezes mais cortante que a chilena, é uma espécie de linha de anzol que recebe banhos de produtos químicos.
Outros casos
Em setembro do ano passado, um motociclista de aproximadamente 25 anos ficou gravemente ferido após ter o pescoço cortado por uma linha de pipa com cerol no Setor Oeste do Gama. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
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Já em 2022, uma linha de cerol cortou a lataria de um ônibus. O motorista José Aparecido, 56 anos, circulava pela cidade de Planaltina-DF. O funcionária da viação Piracicabana afirma que só se deu conta dos danos quando estacionou o ônibus no terminal da região.
“Foi uma linha ‘chilena’. Ela pegou o retrovisor, passou na frente do ônibus, cortou a coluna, o para-brisa, a borracha de divisão dos dois para-brisas. Nunca vi isso acontecer antes”, explicou o motorista que acumulava 17 anos de profissão na época do ocorrido.
Em 2020, uma aluna de autoescola ficou ferida durante uma aula prática na QNN 4 de Ceilândia. Segundo a Polícia Militar (PMDF), a mulher saltou da motocicleta que dirigia ao perceber que uma linha com cerol a havia cortado. “Por pouco não foi degolada”, avaliou a PMDF na época.