Construída em um local irregular, uma caixa de passagem de energia, de responsabilidade da Neoenergia, travou uma obra de reparo e manutenção da garagem de um prédio na Asa Norte.
Construído há 50 anos, o condomínio do Bloco B da Super Quadra Norte (SQN) 105 conta com 48 apartamentos. Segundo o síndico Marcelo Nicolau, a construção segue os padrões do Plano Piloto.
Veja:
Em 16 de agosto de 2023, o condomínio iniciou uma obra de reparo e manutenção das estruturas, em especial a impermeabilização das paredes subterrâneas da garagem. A obra é essencial para a integridade do prédio.
Após um mês de trabalho e escavações, uma caixa de passagem da rede elétrica foi encontrada. A estrutura está encostada na parede subterrânea da garagem, impedindo a conclusão da obra de impermeabilização.
A estrutura foi construída pela antiga subsidiária de distribuição da Companhia Energética de Brasília (CEB), e atualmente é de responsabilidade da concessionária Neoenergia Brasília.
Após pesquisa, o condomínio descobriu que a caixa de passagem foi construída em um local indevido. Em outubro de 2023, os moradores solicitaram para a concessionária o reposicionamento da caixa de passagem.
O condomínio registrou nove protocolos pela internet, sendo sete para a concessionária, um para o Governo do Distrito Federal (GDF) e outro para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“A coisa simplesmente não anda”, lamentou o síndico. Moradores tentaram atendimento presencial em uma unidade da Neoenergia, também sem sucesso.
Orçamento de R$ 260 mil
Segundo Nicolau, o caso mostra a falha do modelo de comunicação entre a Neoenergia e a população. Em março de 2024, após contato com um membro da direção da concessionária, os moradores conseguiram uma resposta.
“No primeiro momento, assumiram a responsabilidade por fazer a obra, mas disseram que a gente teria que assumir os custos disso. Apresentaram um orçamento de R$ 260 mil”, contou.
O condomínio apresentou questionamos por escrito com um parecer técnico e jurídico, mostrando que a responsabilidade é da Neoenergia. A caixa e passagem nem sequer abastece o prédio, mas sim a área comercial da quadra.
“Submeteram ao jurídico deles e acataram o nosso pleito. Assumiram que a responsabilidade integralmente deles, inclusive os custos. As obras teriam início em 15 de abril e se encerrariam no dia 26 de abril”, relatou.
Atrasos e desculpas
No dia 15 de abril, a Neoenergia começou a obra e depois não apareceu mais. Segundo Nicolau, a obra do condomínio estava no cronograma e deveria ter acabado há dois meses. “A gente não consegue finalizar”, lamentou.
A empresa apresentou outra data para o termino da obra: 6 de maio. Nada aconteceu. “Aí veio a desculpa absurda. Disseram que estão com problema com o fornecedor. E por conta disso a obra só será construída em junho”, disse.
“Como uma empresa do tamanho da Neoenergia, cuja atividade principal é distribuição de energia, está com dificuldade para comprar cano de PVC e fios, que são os insumos mais básicos para sua atividade fim? Como iniciam a obra no dia 15 sem dispor dos materiais necessários para a conclusão, sendo que apresentaram um cronograma. Depois, como dão nova data, se não dispunham dos materiais?”, questionou.
Em 16 maio, um trator fechou os buracos abertos pela Neoenergia para o reposicionamento da caixa de passagem. Enquanto isso, os moradores reclamam de prejuízo financeiro e perda da qualidade de vida.
Outro lado
Por nota, a Neoenergia afirmou que a caixa foi construída no local há muitos anos, bem antes da chegada da concessionária ao Distrito Federal.
A empresa argumentou que a obra para adequação da estrutura está em andamento e tem previsão de término no fim do mês de junho.
