Home Brasília Do papel à vida real: como eram maquetes da construção de Brasília

Do papel à vida real: como eram maquetes da construção de Brasília

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Do traço do arquiteto até a finalização dos monumentos, Brasília passou por mudanças quando ainda era apenas um projeto. Na ideia inicial, as cúpulas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal teriam janelas e o Congresso Nacional não teria o clássico espelho d’água na frente cortando a paisagem

Em maquetes feitas para exposições internacionais com o objetivo de divulgar a imagem e a idealização de Brasília, é possível ver diferenças entre o plano inicial e o que, de fato, saiu do papel. O levantamento de imagens da maquete foi feito por pesquisadores que desenvolvem um repositório digital do acervo. O projeto foi iniciado em março do ano passado e já catalogou mais de 3 mil itens temáticos, o que representa quase metade de toda a coleção.


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“É interessante perceber as diferenças das ideias projetuais que foram pensadas e analisadas e que no final foram alteradas”, destacou Luciana Coimbra, uma pesquisadores do repositório na área de arquitetura.

“Provavelmente as janelas foram pensadas como meio de trazer iluminação natural para o ambiente interno das cúpulas e sua mudança para a não execução deve ter sido por esquentar demais o interior dos anexos, principalmente com a iluminação vertical do meio dia”, elaborou a pesquisadora. Ela também destacou que a mudança pode ter ocorrido por fator estético. “Para ter as cúpulas sólidas, sem abertura”, apontou.

Na mesma maquete, é possível observar que o espelho d’água não estava previsto inicialmente em frente ao Congresso Nacional. Essa falta se repete em outras maquetes em diferentes ângulos dos monumentos.

Outro monumento típico de Brasília que teve mudanças é a Igreja Nossa Senhora de Fátima, popularmente chamada de Igrejinha. Antes de ser erguida em 1958, o prédio previa uma fita interligando as duas colunas posteriores, conforme foi observado na pesquisa.

Repositório

Uma fotografia da época mostra o que ficou conhecido como a estaca zero, formando um monte de terra que foi tirada para trabalhar com o relevo local. O monte é onde hoje está localizado o buraco do tatu. “Para que o projeto saísse do papel, Lucio Costa propôs que a Esplanada dos Ministérios fosse construída em um lugar plano. Como o terreno estava em declive era necessário esculpir o terreno e dessa forma, gerando uma movimentação de terra”, explicou Maria Carneiro, outra pesquisadora do grupo.

Uma foto tirada do alto demonstra também a quadra modelo e a disposição de quadras residenciais e comerciais do Plano Piloto. Em maquete feita no apartamento de Oscar Niemeyer, é possível ver um espelho d’água em frente ao Palácio da Alvorada e próximo do Brasília Palace Hotel e do Museu de Arte de Brasília (MAB). Esse trabalho foi feito antes de Lúcio Costa vencer o concurso para ser o urbanista de Brasília, conforme destacou as pesquisas.

As fotografias das maquetes fazem parte do projeto Repositório Digital: pesquisa e descrição de fotografias e filmes do Arquivo Público do Distrito Federal para o acesso público ao acervo, que conta com bolsa da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). Segundo as pesquisadoras, não se sabe do paradeiro dos objetos. “Maquete ocupa espaço e no geral são descartadas”, lamentou Luciana Coimbra.

O recurso permitiu que o Arquivo Público do Distrito Federal fechasse uma convênio com Instituto Latinoamérica para aumentar o recurso pessoal e desenvolver o projeto. Dessa forma, 23 pesquisadores recebem bolsa para fazer o catálogo das imagens.

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