O Distrito Federal está em situação de emergência zoosanitária para prevenir a ocorrência da influenza aviária. No entanto, mesmo em meio à crise, servidores ativos da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do DF (Seagri-DF), e aprovados no último concurso do órgão, afirmam que 86% dos cargos de fiscalização da pasta estão vagos.
Em vigor desde agosto de 2023, o estado de alerta foi prorrogado por mais 90 dias no fim de fevereiro. A situação é necessária devido à possibilidade de contágio da gripe aviária, uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres, bem como mamíferos, incluindo seres humanos.
O objetivo primordial da emergência é intensificar as ações preventivas para evitar a entrada e a propagação da enfermidade na capital do país.
Até agora, não houve registros da doença no DF. Contudo, há registros de contaminação em animais silvestres no Brasil.
“Temos 155 casos de aves exóticas recolhidas e com o vírus da influenza aviária. Se esse vírus entrar para a avicultura comercial, todas as exportações brasileiras serão cortadas imediatamente. Seria uma catástrofe econômica”, explica o presidente da Associação dos Servidores da Seagri (Arcef), Marco Antônio de Azevedo Martins.
Falta de servidores em cargos de fiscalização da Seagri
Falta de servidores em cargos de fiscalização da Seagri
Falta de servidores em cargos de fiscalização da Seagri
Falta de servidores em cargos de fiscalização da Seagri
Falta de servidores em cargos de fiscalização da Seagri
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Segundo Marco, o DF abate cerca de 250 mil aves por dia. Do total, 70% é destinado à exportação. “Basta acontecer um único caso para que todas as exportações sejam canceladas imediatamente”, comentou.
Um relatório feito pela Arcef com dados da Seagri afirma que, em caso do surgimento de um, e somente um foco de influenza aviária no DF, com o quadro de servidores atual, seriam necessários 90 dias para que fosse realizada a visita em todas as propriedades envolvidas na investigação epidemiológica.
Em nota, a Seagri-DF afirmou que, “entre o segundo semestre de 2019 e o primeiro bimestre de 2024, foram fiscalizados 14 mil veículos nas rodovias e vicinais que cortam o DF, resultando na inspeção de 7,7 mil toneladas de produtos e no recolhimento de 52 toneladas consideradas irregulares ou impróprias para consumo”.
“É importante ressaltar que, além do empenho dos nossos servidores, estamos utilizando recursos de inteligência para aprimorar nossas atividades, em colaboração com diversos órgãos, o que se reflete nos resultados positivos, como a ausência de casos de gripe aviária no DF”, acrescentou o órgão.
Nomeações
Representantes da comissão de aprovados no último concurso da Seagri, de 2023, conversaram com o Metrópoles e denunciaram o esvaziamento de servidores na pasta. O grupo pressiona o Governo do Distrito Federal (GDF) pela imediata nomeação.
Assista:
Elaine Gomes Pimenta é uma das aprovadas no último concurso realizado em janeiro do ano passado com 224 vagas para preenchimento imediato e 618 de cadastro reserva.
“Passei para técnico em laboratório e a informação que temos é a de que, hoje, o laboratório da Seagri está desativado por falta de servidores. Um órgão dessa magnitude e importância precisa ter o seu laboratório em pleno funcionamento”, opinou Elaine.
De acordo com dados de fevereiro de 2024, do total de 1.648 cargos de desenvolvimento e fiscalização agropecuária da Seagri, 1.432 cargos estão vagos. Há somente 216 vagas ocupadas. O número representa 13% do total.
Elisângela Tibério foi aprovada na área de biologia e poderia estar em campo para atuar diretamente na prevenção, vigilância e fiscalização da situação de emergência.
“Esse déficit deixa o DF prejudicado. Para preencher a quantidade de servidores que a secretaria realmente precisa, teriam que chamar as vagas imediatas e também o cadastro reserva. Sabemos que existe orçamento para a nomeação e estamos pedindo o empenho do GDF por uma nomeação expressiva para suprir a necessidade da secretaria”, reforçou Elisângela.
“O nosso caso está extremamente caótico. Há uma defasagem gigantesca em diversas atividades envolvidas. Além do combate à influenza aviária e tantas outras doenças de notificação obrigatória, como raiva dos herbívoros, entre outras, também cuidamos da produção e do controle de qualidade do que é produzido no DF. Não temos servidores para prestarem um serviço de qualidade e o trabalho acaba comprometido”, complementou Marco Antônio.
Em nota, a Seagri-DF afirmou que” o processo está em andamento e bem avançado”. Segundo órgão, a previsão é que 75 novos servidores sejam convocados para reforçar o corpo técnico e suprir as demandas emergenciais. “Estamos reestruturando o laboratório, inclusive fazendo aquisição de materiais e insumos já prevendo a chegada dos novos servidores por meio do concurso”, completou.