Olhares curiosos e perguntas sinceras fazem parte do dia a dia da família formada por Isis Besenski e Thiago Menezes. Enquanto muitos querem saber se o casal pinta os cabelos dos filhos, outros questionam se Beatriz, Rafael e Gabriel realmente nasceram com mechas brancas.
“Aconteceu a mesma coisa com os três. Todo mundo perguntava o que era no hospital. Alguns pediram para tirar fotos. Também sempre vemos pessoas olhando para a nossa família quando saímos”, diz Isis.
Três dos quatro filhos herdaram de Thiago uma condição genética rara conhecida como piebaldismo, explica Isis. A principal característica é a mecha branca nos cabelos, mas a condição também pode fazer com que áreas específicas da pele fiquem mais claras.
“Meu marido herdou o piebaldismo do bisavô materno. A condição foi para a avó materna do meu marido e, depois, para a minha sogra. Minha sogra tem seis irmãos, mas só quatro tiveram piebaldismo. O meu marido tem, mas o meu único cunhado não. Dos nossos quatro filhos, somente o Benjamin veio sem. Eu também não tenho”, explica Isis.
Isis e Thiago são de Guarulhos (SP), porém, se mudaram para Votuporanga (SP) há cerca de um ano. Beatriz, de 19 anos, foi a primeira filha do casal a nascer com a mecha branca. Em seguida, Rafael, de 9 anos, e Gabriel, de apenas dois meses.
“Por incrível que pareça, nunca tivemos episódios de preconceito ou algo do tipo. O apelido da Bia no colégio era Frozen, mas ela levava numa boa. Sempre brinco que a autoestima do pessoal em casa é bem alta. O Rafael conta que as meninas dizem que ele é bonito”, conta Isis.
“As gerações mais novas estão vindo mais tolerante com as diferenças. O Thiago, em si, não chama tanto a atenção. Acho que o pessoal acaba pensando que a mecha é por conta da idade. Mas as pessoas ficam olhando para os nossos filhos. Não tem como, né? É diferente, mas levamos numa boa. É bem tranquilo”, complementa.
Afinal, o que é o piebaldismo?
De acordo com a dermatologista Fernanda Cação, o piebaldismo é uma alteração genética que afeta a migração dos melanócitos durante a vida embrionária.
“É uma condição genética autossômica dominante. Autossômico quer dizer que pode afetar tanto o sexo feminino ou masculino. Dominante quer dizer que se um dos pais tem o gene do piebaldismo, ele tem 50% de chance de enviar este gene ao seu filho. E se a criança receber este gene, ela terá o piebaldismo, pois este gene é dominante”, explica.