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Golpista em série fatura R$ 500 mil com falsos pacotes de turismo

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Com a expectativa de conhecer destinos paradisíacos e vivenciar momentos inesquecíveis, famílias do Distrito Federal, São Paulo e Minas Gerais procuraram uma suposta agente de turismo para comprar pacotes de viagem. O que eles não esperavam era que a mulher, que serviria como uma facilitadora, estava prestes a transformar o sonho em pesadelo. Com vasta ficha na polícia, Cristiana Araújo Costa (foto em destaque), 39 anos, já foi presa ao menos duas vezes por cometer o mesmo golpe na capital federal. Agora, se apresentando como “Lorena” e “Maria”, a mulher segue nas investidas ilegais.

As vítimas, que pediram para não ter os nomes divulgados por motivos de segurança, ainda contabilizam os prejuízos que já ultrapassam a casa dos R$ 400 mil. A suspeita, que diz representar a empresa BR Milhas Travel, registrada no nome da mãe dela, ofereceu pacote de turismo de uma semana a uma família. Os destinos eram a Ilha de Comandatuba, no município de Una, a 276 quilômetros de Porto Seguro, litoral sul da Bahia, e Orlando, na Flórida (EUA). Nas duas viagens, os clientes reclamaram de descumprimento de serviço, seja por diárias inexistentes, seja por passagens não emitidas.

“Paguei um valor aproximado de R$ 200 mil e a cada hora recebo uma nova promessa. Paguei a maior parte desse valor via Pix e outra pequena parte em cartão de crédito. Esta última consegui a  contestação, mas a do Pix já dei como perdido. Nunca passei por tanto constrangimento, meu marido não se conforma, é muita humilhação. Nunca precisamos passar por isso”, desabafou.

Uma outra mulher, de Minas Gerais, relata ter contratado um pacote de viagem para Porto Seguro (BA), Arraial D’Ajuda (BA) e Trancoso (BA). A família deveria ficar hospedada em um dos melhores resorts da Bahia. Contudo, em janeiro de 2023, quando realizou a primeira viagem, descobriu que todas as diárias não estavam pagas e que as passagens não haviam sido emitidas.

“Tivemos de voltar da Bahia de ônibus, 24h com meu filho pequeno passando mal. Na segunda viagem, descobrimos que ela havia emitido um voucher falso. Não somos as únicas vítimas. Ela lida com sonhos, frustra as pessoas e não se arrepende”, desabafou. No total, o prejuízo chega a R$ 22 mil.

Simone, moradora de Goiânia (GO), também foi vítima do golpe. Ela conta que, em abril de 2022, comprou passagens em grupo para um cruzeiro em Miami (EUA) com Cristiana, que se apresentou como “Maria”. Segundo Simone, a mulher mandava bilhetes e passagens referentes à viagem, porém, os itens sumiam por falta de pagamento.

“Foi um pesadelo. Durante esses 8 meses eu cobrando e ela sempre na promessa de que estava enviando, de que teve algum problema”, conta. Na véspera da viagem, apenas algumas pessoas do grupo conseguiram embarcar. “Ela gerou uma prejuízo para a gente de mais de R$ 130 mil”.

Uma outra vítima de Cristiana conta que, em novembro do ano passado, começou a planejar uma viagem para a Tailândia com a empresa de Cristiana. “No dia 24 de novembro de 2023 foi enviado bilhete com localizador da viagem. Começamos a ligar para a empresa Ethipion Airlines para verificar a veracidade do bilhete, mas, para nossa surpresa, não existia nenhuma reserva ou mesmo bilhete emitido em nome dos passageiros”, conta a vítima.

Em contato com Cristiana, que estava atendendo como “Lorena”, a família chegou a tentar embarcar para a viagem. Porém, passou por diversos problemas. “Após várias tentativas frustrantes, para que pudéssemos embarcar e realizar a viagem tão planejada com nossa filha de 3 anos, ela sugeriu que pagássemos o valor de R$ 20.340,58 para que fosse comprado novas passagens alegando que a Ethipioan tinha cancelado os voos.

“Foi tudo muito conturbado. Após pagarmos mais um valor expressivo e chegar ao destino, não existia reserva de hotéis, transfer ou nada que havia sido prometido. Durante a viagem, fomos despejados de um hotel. Ela fez uma manobra para que fossemos para Bangkok e depois voltássemos à ilha programada, teoricamente com hotel reservado e pago, mas para nossa surpresa, mais uma vez tivemos de arcar com um custo de R$ 4.173,58 no hotel”.

Prisões

Em 2021, o Metrópoles noticiou a prisão da estelionatária. À época, policiais civis da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) localizaram a suspeita em em Caldas Novas (GO), após um ano de investigações.

A mulher é ré em ao menos cinco ações penais, condenada em outras três e consta como suspeita de pelo menos 25 ocorrências e 16 inquéritos que tramitam na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Em 2019, a suspeita chegou a ser presa preventivamente por ordem do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), entretanto, no curso das ações, ela deixou de comparecer aos atos do processo e não foi mais encontrada, razão pela qual duas novas ordens de prisão foram expedidas.

A golpista continua sendo alvo de outras investigações que apuram a prática dos mesmos crimes, os quais resultaram na primeira prisão dela, em 2021. A PCDF acredita que é possível que a suspeita tenha praticado outros crimes ainda não noticiados pelas vítimas.

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