Texto obteve 68 votos a favor, em um Parlamento de 120 lugares; pronunciamento é simbólico, mas gerou condenações internacionais e duras críticas por parte da Autoridade Palestina
O Parlamento de Israel votou nesta quinta-feira (18) contra a criação de um Estado palestino ao afirmar que constitui uma “ameaça existencial”, no momento em que o Exército de Israel ataca incessantemente a Faixa de Gaza, apesar dos múltiplos apelos internacionais por um cessar-fogo. A resolução aprovada pelo Parlamento israelense, o Knesset, nas primeiras horas do dia, afirma que a criação de um Estado palestino, nos territórios ocupados por Israel, “perpetuaria o conflito” e “desestabilizaria a região”. “O Knesset de Israel opõe-se firmemente à criação de um Estado palestino a oeste do (rio) Jordão”, indicava o texto, alegando que a criação desta entidade “representaria um perigo existencial para o Estado de Israel e seus cidadãos”. O texto foi aprovado por 68 votos a favor, em um Parlamento de 120 lugares. Nove membros do Parlamento pertencentes a partidos árabes se opuseram à resolução e deputados do Partido Trabalhista estiveram ausentes da sessão, informou o jornal local Haaretz.
A resolução dizia que “promover” um Estado palestino encorajaria “o Hamas e os seus apoiadores” após o ataque do movimento islamista. A criação de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel após a Guerra dos Seis Dias em 1967 se manteve por décadas como um símbolo dos esforços diplomáticos da comunidade internacional para resolver o conflito. Os Acordos de Oslo na década de 1990 permitiram a criação da Autoridade Palestina e seu objetivo era avançar uma negociação para a criação de um Estado palestino. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “muito decepcionado” com a adoção da resolução, segundo o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
O pronunciamento é simbólico, mas gerou condenações internacionais e duras críticas por parte da Autoridade Palestina e prepara o terreno para a viagem do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a Washington, na próxima semana. O premiê está sob pressão de seu principal aliado, os Estados Unidos, que, junto ao Catar e Egito, estão mediando as negociações para uma trégua em Gaza e a libertação dos reféns israelenses. A Autoridade Palestina, que exerce administração parcial na Cisjordânia ocupada, afirmou que “não haverá paz nem segurança para ninguém sem o estabelecimento de um Estado palestino”. Também acusou a coalizão de extrema direita que governa Israel de “mergulhar a região em um abismo”.