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“Nunca mais coloco uma farda na minha vida”, diz PM agredido em treino

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Desencantado com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o soldado Danilo Martins, de 34 anos, não sabe o que vai fazer daqui para frente. “Eu tenho planos de nunca mais”, disse o policial.

“Eu nunca mais coloco uma farda na minha vida”, contou, aos prantos.

O soldado denunciou ter sido vítima de tortura pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Em entrevista ao Metrópoles, Danilo contou em detalhes as oito horas que sofreu as violências. As agressões ocorreram durante um curso de formação de Patrulhamento Tático Móvel em 22 de abril.

“Eles cansaram de me bater”, contou. “Saía um, ficavam dois, e esses dois me fustigavam com tronco.”

Danilo contou que não demorou para perceber que aquela suposta aula para o curso de formação era, na verdade, uma sessão de tortura. “Eu achei que estavam me testando para ver meu limite”, contou. “Só percebi mesmo que estava sendo torturado quando não consegui respirar.”


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Danilo ficou seis dias internado em um hospital após as lesões, sendo quatro deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O soldado estava com um quadro de rabdomiólise, quando a fibra muscular rompe e ela solta uma toxina que intoxica o rim, o que causa insuficiência renal.

“Eles queriam que eu desistisse”, relatou o PM. Um superior teria dito a Danilo que recebeu a “missão” de tirá-lo do curso. “O meu papel já estava preenchido todo no Word, com meus dados. Ficava o papel toda hora na minha frente.”

O policial disse que a folha que ele assinou ficou com marcas de terra e de sangue. Os exames mostram que Danilo ficou com uma lesão cerebral que afeta visão e audição.

O que diz a PMDF

Após a repercussão do caso, a PMDF se manifestou novamente. Em nota, a corporação afirmou que “não admite desvios de conduta”.

Defesa dos PMs

Em nota, o advogado Marcelo Almeida, responsável pela defesa de 12 dos PMs, disse que “em nenhum momento os referidos policiais militares foram notificados para prestarem quaisquer tipos de esclarecimentos sobre os fatos objeto desta operação, seja pelo Departamento de Controle e Correição da PMDF ou mesmo pelo MPDFT”.

O advogado acrescenta que seus clientes foram “apenas surpreendidos nesta manhã com suas respectivas prisões, razão pela qual a defesa técnica buscará trazer aos autos suas versões, para que então o Poder Judiciário possa aplicar o direito da melhor forma”.

Pauladas e gás lacrimogênio

O Metrópoles teve acesso ao depoimento prestado pela vítima à Corregedoria da PMDF e à Promotoria de Justiça Militar do DF. Segundo o documento, os soldados e o tenente responsável pelo curso teriam xingado e jogado gás lacrimogênio nos olhos de Danilo.

“Ato contínuo o depoente foi molhado, enquanto segurava a tora de madeira sobre a cabeça com os braços esticados, sendo que o tenente disse que, quando o depoente secasse, ele voltaria e queria as fichas assinadas”, conforme consta em depoimento prestado pela vítima à Corregedoria da PMDF e à Promotoria de Justiça Militar do DF.

Além disso, Danilo afirmou às autoridades que recebia os chutes e era obrigado a ficar em posição de flexão. Enquanto isso, levava pauladas na cabeça.


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Após as agressões e humilhações, Danilo optou por desistir do curso. Nesse momento, ele saiu do meio dos colegas e foi ao banheiro se trocar. “Após desistir, o tenente afirmou: ‘Danilo, era minha missão te desligar do curso. Muita gente me pediu para te desligar. Volta ano que vem que você não vai receber essa carga’”, completa o documento.

Soldado foi para a UTI

De acordo com familiares do soldado, as agressões duraram cerca de oito horas.

“Ele apanhou nos joelhos, nas costas, na cabeça, no estômago, no rosto, nos braços. Quando a gente chegou ao hospital, ele estava com um quadro de rabdomiólise grave, que é quando a fibra muscular rompe e ela solta uma toxina que intoxica o rim. Por conta do quadro de rabdomiólise, ele estava com insuficiência renal e precisou ser internado imediatamente na UTI”, diz uma familiar de Danilo.

Assista à entrevista completa:

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