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“Vi lágrimas no rosto de meu filho”, diz pai de bebê morto em UPA

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Após enterrar Enzo Gabriel, os pais do bebê fizeram novas denúncias. A criança morreu na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Recanto das Emas à espera de uma ambulância para transferência até uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Materno Infantil (Hmib). Segundo a família, o menino foi intubado com itens inadequados, houve falha na sedação, entre outras supostas irregularidades no tratamento.

“O tubo que usaram não era adequado para crianças. Era um tubo para adulto”, afirmou a mãe de Enzo, Cleuzivânia Alves da Silva Aguiar, 21. De acordo com o pai do menino, Cícero Jarbson Albino Alves, 28 os profissionais de saúde teriam dito que a UPA não teria um tubo adequado para o tratamento do pequeno.

Os pais também consideram que houve falha na sedação do bebê. “Quando a pessoa é sedada não se mexe, não se move. E isso estava acontecendo com nosso filho. Eu estava do lado dele do começo ao fim. Não saí de perto dele um minuto. Eu vi todo o sofrimento dele. Lágrimas saíram do rosto dele, porque ele estava sentindo dor. Ele não estava sedado totalmente”, contou Cícero.

“Colocaram uma sonda no Enzo falando que era secreção do pulmão. Mas era sangue que estava saindo de dentro do meu filho. Não era secreção. Por que não fizeram a remoção da criança se o estado dele era tão grave? Por que continuaram com ele lá na UPA?”, questionou o pai.

Diante do sofrimento do filho, Cícero pediu apoio dos profissionais de saúde. “Ajuda meu filho, ajuda meu filho”, suplicou. Segundo os pais, o diagnóstico de Enzo mudou diversas vezes. Inicialmente, teria sido identificada uma bactéria e água no pulmão. Depois, pneumonia, asma e bronquiolite.

Sangue

“Quando foi feito o raio-x do pulmão também fizeram exame de sangue. Falaram que deu negativo para dengue. Mas no laudo seguinte, falaram que uma das causas morte foi febre por dengue hemorrágica. Temos esse laudo”, contou a mãe. Mas o exame foi posteriormente retificado. Por isso, a família solicitou um nova perícia.

Segundo os pais, o menino não foi internado na sala vermelha da UPA. “Enzo estava na sala verde, na pediatria, o tempo todo até vir a óbito. Ele não saiu para sala vermelha em momento algum”, disse o pai. A criança teria mudado de uma cama para outra em um espaço onde era possível isolá-lo com uma cortina.

Para os pais de Enzo, o menino foi morto por negligência médica, erro e demora no tratamento. O caso não é isolado. Jasminy Cristina de Paula Santos, de um mês de vida, morreu na mesma UPA. E Anna Julia Galvão, 8, faleceu em busca de atendimento na rede pública. Os casos de Enzo e Jasminy são investigados pela 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas).

O que o Iges diz

Responsável pela gestão das UPAs, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) não comentou as novas denúncias da família, mas afirmou que está colaborando com as investigações.

Leia a nota completa:

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) informa que aguarda o laudo oficial do Instituto Médico Legal (IML) para esclarecer a causa da morte. Neste momento, estamos colaborando com as autoridades competentes e fornecendo todo o suporte necessário para a investigação em andamento. Por fim, o IgesDF esclarece que, em função da legislação sobre sigilo de prontuário, não pode fornecer informações sobre os pacientes atendidos na rede pública de saúde.

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