O Ministério dos Transportes (foto em destaque) encaminhou, nessa quinta-feira (7/3), um ofício à R7 Facilities solicitando que a empresa manifeste-se, no prazo de 48h, a respeito de supostas fraudes em processos licitatórios firmados com o órgão.
O documento foi enviado após a suspeita de que o empreendimento teria um esquema de laranjas para fechar contratos com o poder público vir à tona.
Localizada no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), em Brasília, a R7 Facilities é a responsável pelas obras de manutenção no presídio federal de Mossoró (RN), que registrou as duas primeiras fugas da história em uma prisão do tipo.
No ofício, o ministério pede um posicionamento da empresa sobre as denúncias e possíveis impactos nos cinco contratos firmados com o órgão.
O objeto das contratações são prestação de serviços recepcionista; apoio às atividades administrativas e acessórias; prevenção e combate a incêndios; vigilância patrimonial e apoio operacional.
“Diante do exposto, solicitamos que a R7 Facilities manifeste-se, no prazo de até 48 horas, a respeito das notícias veiculadas, assim como sobre os possíveis impactos jurídicos, administrativos e operacionais na continuidade da prestação dos serviços”, requere o documento assinado Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do ministério, Manuel Augusto Alves da Silva.
Salário em atraso na empresa
Conforme apurado pela coluna Na Mira, no caso do Ministérios de Portos e Aeroportos e dos Direitos Humanos e Cidadania, os funcionários terceirizados estão há três dias sem receber o pagamento dos salários pela R7 Facilities.
O contrato firmado com o Ministério dos Direitos Humanos dá conta de que são, ao menos, 295 trabalhadores com carga horária semanal de 44h, que deveriam ter recebido o pagamento até o 5º dia útil, na quarta-feira (6/3).
A categoria alega que não recebeu nenhum posicionamento da empresa a respeito do atraso e que não há previsão de quando será feito o repasse. Eles temem que estejam sendo alvo de calote.
Além disso, os terceirizados cobram que o pagamento do salário seja acrescido de multa, nos termos do acordo coletivo firmado.
Suspeita de “laranjas”
A R7 Facilities tem vencido licitações públicas desde 2016; e recebeu quase R$ 373 milhões (R$ 372.867.335,98) em repasses do governo federal.
A empresa também tem participado de licitações com o Governo do Distrito Federal, arrecadando quase R$ 11 milhões (R$ 10.788.811,77) dos cofres públicos brasilienses a partir do mesmo período.
Apesar dos montantes, o sócio-administrador da empresa é Gildenilson Braz Torres, que recebeu R$ 4,5 mil em auxílio emergencial.
Em 2020, Gildenilson obteve cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300. Em 2021, foram pagas três parcelas de R$ 150, mas o sócio da empresa milionária teve de devolver uma delas para o governo federal.
No ano em que a empresa faturava milhões em contratos com o governo federal, Gildenilson recebeu sentença de penhor de bens para pagar uma dívida de R$ 8,6 mil. O processo está no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
Aberta em 2009 por Ricardo de Souza Lima Caiafa, a empresa foi registrada com o nome dele na época. Em 2022, Caiafa recebeu 3.879 votos e foi eleito suplente pelo Partido Liberal (PL) na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
O Tribunal de Contas da União analisa possíveis irregularidades na empresa R7 Facilities.
O que diz a R7 Facilities
Procurada pela reportagem, a R7 Facilities não se manifestou até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para futuras manifestações.