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“Volta pra senzala”: pais denunciam racismo em escola particular do DF

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Os pais de um adolescente de 14 anos denunciaram mais um caso de racismo em escolas, no Distrito Federal. Dessa vez, o suposto ataque teria acontecido em uma escola particular da Asa Sul, durante um jogo de futebol, em março deste ano. Porém, veio à tona somente nesta segunda-feira (27/5).

Na ocasião, conforme lembram os pais do adolescente, Sabryna Melo e Luiz Claudio Oliveira, 46 e 51 anos, respectivamente, o filho foi alvo de diversos ataques racistas, proferidos por um outro colega do mesmo ano que teria atacado o menino com insultos, como “macaco”, “volta para a senzala” e “volta para a África”.

No dia seguinte, as ofensas, ocorridas em 18 de março, teriam ocorrido novos ataques, quando os estudantes se encontraram na entrada da escola.

Os pais perceberam mudanças no comportamento do filho e descobriram o caso. A coordenação do colégio foi acionada e um boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). À época, porém, o casal teria decidido não divulgar a ocorrência.

“Nós nos reunimos com o próprio diretor da escola, que afirmou que seriam tomadas as medidas previstas no regulamento da escola, mas depois vimos que todas essas soluções foram ineficientes. Eles fizeram uma palestra, às 19h de uma terça-feira, em que nenhum dos pais do aluno agressor nem os próprios representantes da escola estiveram presentes”, explicou a mãe da vítima.

Luiz Claudio, pai do adolescente, ainda afirma que o casal questionou em vários momentos a permanência do agressor na instituição de ensino. “Eu perguntei várias vezes ao diretor da escola o porquê desse caso não ter gerado expulsão, como foi o que aconteceu em uma mesma situação em outro colégio aqui no DF. Por que esses casos são diferentes? Porém ele sempre me respondeu que ‘aquele não era lugar de se fazer justiça’. Enquanto isso, o aluno que cometeu racismo contra o meu filho faz uma redação e continua andando normalmente pela escola, como se o crime que ele cometeu não tivesse importância”, disse Luiz.

Inconformados com a atitude da escola, e sem considerar a mudança do filho de unidade de ensino como uma opção, Sabryna e Luiz agora esperam o encaminhamento do caso ao Judiciário para encontrar alguma resolução. “Nosso filho que sofreu as agressões, não é ele quem deve sair da escola. Não é ele quem tem de ser privado do convívio da escola e dos amigos com quem estuda. Então nós vamos até a Justiça, para resguardar a sanidade e os direitos do meu filho”, declarou Sabryna.

Responsáveis por representar o casal, os advogados civil e criminal, Bruno Freitas e Ailton Rodrigues, afirmam que a expulsão do aluno agressor é “o mínimo que podemos esperar”. “Essa é uma resolução que já tivemos em outros casos semelhantes aqui no próprio Distrito Federal. Além disso, também esperamos que os pais e que a escola seja responsabilizada, da forma em que o juiz acreditar cabível”, ponderaram.

Racismo nas Escolas

O caso que ocorreu em março no colégio Sigma é apenas um entre vários outras ocorrências de racismo em escolas particulares do DF, apenas neste ano.

Em 3 de abril, a Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima, localizada na Quadra 906 da Asa Sul, publicou uma nota de repúdio na qual relata um crime de racismo sofrido pelos estudantes da instituição durante uma partida de futsal contra um time de alunos do Colégio Galois.

Já em 1º de maio, também deste ano, a família de uma adolescente de 15 anos estudante do 9º ano do Colégio Pódion, na 713 Norte, denunciou um caso de racismo e preconceito sofridos pela jovem durante um jogo de queimada na escola, em 19 de abril.

Para Sabryna Melo, esses casos não são os casos que estão aumentando, mas sim as denúncias feitas pelos pais e demais membros da comunidade. “Quando a gente decidiu denunciar o que aconteceu com nosso filho para a imprensa, nós ficamos com muito medo de quais seriam as reações dos colegas da escola, e como seria o dia seguinte [à publicação da matéria]. Só que nós decidimos que isso era necessário, porque a denúncia é a única forma de garantir a defesa e a justiça efetiva contra esse, e outros casos de racismo pelos quais os nossos filhos ainda precisam enfrente”, concluiu a mãe do adolescente.

Resposta da Escola

Em nota o colégio Sigma reforçou seu compromisso com a educação antirracista, atuando de forma tanto educativa quanto disciplinar.

Em relação ao episódio citado, o colégio informou ainda que tem prestado todo o atendimento e acolhimento às famílias e aos alunos envolvidos e que o estudante, que proferiu as ofensas, recebeu sanção disciplinar prevista no regulamento da instituição. Por fim, o colégio afirmou que o caso foi encaminhado pela escola ao Conselho Tutelar.

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