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Naime aponta um erro como decisivo para tentativa de golpe de 8/1

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O coronel Jorge Eduardo Naime disse “categoricamente” qual o erro fundamental que permitiu a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro de 2023. Em depoimento, com duração de mais de 5 horas no Supremo Tribunal Federal (STF), o policial militar avaliou que não houve falha de planejamento, mas detalhou um fato ocorrido momentos antes das invasões aos prédios da Praça dos Três Poderes.

“Afirmo categoricamente: o erro aconteceu no momento em que se decide descer com um público hostil em área de baixo impacto e se leva para uma área de maior impacto e prejuízo”, comentou. Naime se refere a uma escolta que a própria Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) fez dos bolsonaristas no 8 de Janeiro, com autorização da Secretaria de Segurança Pública do DF, do Quartel-General do Exército para a Esplanada dos Ministérios.

“Um relatório dentro do processo narra que já tinha gente com máscara, escudo, falando que ia quebrar tudo. A regra número 1 do Plano Gerente é não transformar crise estática em uma crise móvel. Toda e qualquer crise que a gente se depara tem que ser transformada em crise estática. O que mata o policiamento, o planejamento, é essa descida de um público que já se mostrava hostil”, detalha.

Naime chegou a rebater depoimentos de envolvidos no processo dos atos antidemocráticos de que a PM não poderia impedir protestos. “Escutei gente dizendo que uma decisão do STF não deixa barrar manifestação, mas uma manifestação pacífica. Aqueles manifestantes não poderiam ser deslocados para uma área de alto risco. Pegaram gente equipada para guerra e desceram. Já tivemos outras vezes em que a decisão foi não descer”, citou.

Veja como foi orientada a descida:

 

Ele exemplificou que, em 6 de setembro 2021, as forças de segurança do DF barraram a descida de caminhões na Esplanada dos Ministérios. Questionado sobre quem autorizou a descida, ele disse que ainda não teve essa informação, mas que o representante do Departamento de Operações (DOP) da PMDF na data, Paulo José, segundo o que ele entendeu, foi “alijado dessa decisão”. “Não passou por ele. A investigação tem que descobrir quem deu a ordem para que a turba descesse”, cravou.

“Culparam o DOP”

Em outros trechos do depoimento, Naime citou a exaustão física e mental, por ter participado do planejamento de grandes eventos no DF, como a posse presidencial de Lula (PT), elogiou o ministro Alexandre de Moraes pela reação frente aos atos antidemocráticos e disse não acreditar em qualquer ato intencional dos PMs réus no processo contra Poderes ou Instituições.

Veja quem são os réus denunciados:

Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF);
Klepter Rosa Gonçalves, também ex-comandante;
Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de operações;
Paulo José Ferreira, chefe interino do Departamento de Operações (DOP) no 8 de Janeiro;
Marcelo Casimiro, então titular do 1º Comando de Policiamento Regional (CPR);
Rafael Pereira Martins, chefe de um dos destacamentos do Batalhão de Polícia de Choque da PMDF na data; e
Flávio Silvestre de Alencar, major que chegou a ser preso duas vezes pela Polícia Federal (PF) no âmbito das investigações sobre supostas omissões.


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O coronel Naime ainda rebateu acusações contra o Departamento de Operações e disse que não participou de coordenação do plano da PM contra o 8/1, avaliando que “planejamentos não são estáticos” e deveriam ser mudados com o avanço de informações. “Culparam o DOP e deixaram em segundo plano essa tomada de decisão decisiva de descer os manifestantes. Também fez-se uma reunião dia 6 [na SSP], a coisa foi mudando e não tomaram providências.”

Naime chegou a dizer que o delegado Fernando de Souza Oliveira, ex-número 2 da SSP, estava “na piscina mandando mensagem para o governador dizendo que estava tudo bem”. Ele se referiu a um áudio revelado pelo Metrópoles ainda em 8 de janeiro, quando o então secretário em exercício da Secretaria de Segurança tranquilizou Ibaneis uma hora antes da invasão, dizendo: “Tudo tranquilo, ordeiro e pacífico”.

Sobre o relatório do interventor na segurança do DF, Ricardo Cappelli, o coronel disse que houve conclusões feitas ali sem embasamento nas diretrizes gerais da PMDF. “Ele mesmo disse que não entendia muito de segurança, que era jornalista.”

Assim como o ex-comandante-geral Klepter Rosa Gonçalves, Naime também se emocionou ao longo do depoimento e chorou em alguns momentos. “São 30 anos de corporação, só nós sabemos o que passamos. Por conta de desejo de Poder vamos colocar em cheque a nossa família, nossa carreira, tudo isso que construímos?”, questionou.


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Advogado de defesa de Naime, Bruno Jordano emitiu nota reafirmando a “confiança na Justiça e nas Instituições”. “A instrução foi esclarecedora e trouxe entendimento sobre os fatos. Esperamos agora que a Justiça seja reestabelecida e que o processo se encerre com a decisão de absolvição.”

Com o fim dos depoimentos das testemunhas e dos réus, começa agora a fase de diligências para coleta de provas. Em seguida, têm início as alegações finais e, posteriormente, a sentença. Hoje, entre os sete réus, apenas Rafael Pereira Martins e Flávio Silvestre de Alencar não conseguiram liberdade provisória e aguardam a decisão presos.

Quem é Jorge Eduardo Naime

Naime chegou a ficar 461 dias preso, tendo solicitações de liberdade provisória negadas pelo ministro, mas recebeu autorização para voltar para casa em 13 maio deste ano. O coronel teve prisão preventiva decretada em 1º de fevereiro de 2023, efetivada seis dias depois e, posteriormente, reavaliada e mantida por meio de 10 decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal.

O policial militar é réu no processo que investiga possíveis omissões de membros da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) frente aos atos antidemocráticos. Ex-comandante de Operações da PMDF, Jorge Eduardo Naime foi preso no âmbito da quinta fase da Operação Lesa Pátria.

 

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