Os primeiros seis meses de 2023 foram o período com menor número de diagnósticos da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) no Distrito Federal. O resultado leva em conta o mesmo intervalo em toda a série histórica da Secretaria de Saúde (SES-DF) — iniciada em 2010 e disponível no portal InfoSaúde.
De janeiro a junho de 2013, a SES-DF contabilizou 394 diagnósticos de Aids. No mesmo intervalo de 2023, foram 113.
A Aids representa um conjunto de infecções geradas após a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que ataca as células de defesa do organismo. Diante disso, o indivíduo fica mais vulnerável a desenvolver doenças e infecções oportunistas, que podem provocar sequelas permanentes ou levar à morte.
Para a SES-DF, os avanços alcançados na produção de medicamentos, principalmente antirretrovirais, permitiu intervir na cadeia de transmissão do vírus. Com isso, o número de novos infectados diminuiu, e a carga viral de pessoas com HIV caiu para níveis indetectáveis — o que evita o desenvolvimento da Aids.
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico
Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos
O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus
Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus
O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses
O PrEP HIV é um tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) feito especificamente para prevenir a infecção pelo vírus da Aids com o uso de medicamentos antirretrovirais
Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV
É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo
Além disso, uma parte importante para garantir avanços nos resultados foi a disponibilização de meios para prevenção e tratamento da Aids no sistema público de saúde. Os dados mostram que o combate à síndrome no DF tem demonstrado efeitos positivos, com quedas sucessivas no total de diagnósticos desde 2015.
Além do uso de preservativos, outra forma de se prevenir contra o vírus é por meio da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), disponibilizada no Hospital Dia, na Asa Sul, e no Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte.
A PrEP é indicada para indivíduos em situação de mais vulnerabilidade e com maior suscetibilidade ao risco de infecção pelo HIV.
O esquema deve ser iniciado o mais rápido possível — preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e, no máximo, 72 horas depois. O tratamento com a PEP dura 28 dias, e o paciente deve ser acompanhado por uma equipe de saúde.
De janeiro a março deste ano, a Secretaria de Saúde do DF disponibilizou 661 antirretrovirais do tipo.
A rede pública de saúde do DF também disponibiliza — gratuitamente e por todo o ano — preservativos internos e externos, além de gel lubrificante, em todas as unidades básicas de saúde (UBSs) da capital federal.
A camisinha é o método mais conhecido, acessível e eficaz para se prevenir do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a sífilis, a gonorreia e alguns tipos de hepatites. Além disso, também permite evitar gravidezes não planejadas.
Meios disponíveis para prevenção a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e onde consegui-los na rede pública de saúde do Distrito Federal
Mortes por Aids
O mais recente boletim epidemiológico sobre a síndrome, que analisou dados de 2017 a 2021, registrou 505 mortes que tiveram a Aids como causa básica. Contudo, o coeficiente de mortalidade por 100 mil habitantes registrou queda de 21,6% no período, diminuindo de 3,7, em 2017, para 2,9, em 2021.
A maioria das mortes no DF ocorreu entre pessoas do sexo masculino (73,5%). Em números absolutos, a quantidade de pacientes que não resistiram à Aids foi de 371 homens e 134 mulheres.
O Ministério da Saúde destaca que oito em cada 10 brasileiros com o HIV estão em tratamento. Desse grupo, 95% (665 mil pessoas) estão em situação de supressão viral — quando a carga do vírus no organismo é suficientemente baixa para impedir a transmissão da doença a outros indivíduos.
JGB Notícias.