Alvo de operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por suspeita de maus-tratos, a creche Casa da Nanny, localizada no Sudoeste, já havia sido interditada outras três vezes antes de ser denunciada por pais de alunos no início deste mês.
A ação policial desta semana ocorreu após o registro de 22 ocorrências na 3ª DP, com relatos sobre crianças de até 3 anos que teriam sofrido maus-tratos na instituição. Diante de graves informações, a delegacia iniciou uma investigação aprofundada e, nessa terça-feira (28/5), cumpriu mandado de busca e apreensão na instituição de ensino.
Vídeo mostra esgoto e baratas na cozinha de creche em área nobre do DF
De acordo com o delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, os policiais constataram diversas irregularidades na creche como: condições insalubres, pois a creche apresentava higiene precária, com presença de muitas baratas no local; falta de licenciamento, em razão de a instituição ter sido interditada por três vezes pela Vigilância Sanitária, mas continuava a funcionar mesmo com as advertências; e possibilidade de danos à saúde das crianças.
“Desde 2023, já iniciaram as reclamações, tanto na Secretaria de Educação como na Vigilância Sanitária e, apenas neste ano, nós tivemos essas informações. Nós instauramos o inquérito, iniciamos as investigações e constatamos ontem que há evidências de maus-tratos e outros crimes que a gente vai definir ao longo da investigação”, comentou o delegado.
Os peritos realizaram perícia no local para atestar a qualidade dos alimentos, presença de insetos na creche e a estrutura. “Fomos surpreendidos com a situação em que o proprietário estava, um pouco antes da gente chegar, estava saindo até com um forno e o jogou em um container. Conseguimos recuperar o forno, quando fomos olhar, estava com baratas”, disse Victor.
A operação resultou na apreensão de documentos e outros materiais, que serão analisados pelos investigadores. A PCDF ainda busca identificar todos os responsáveis pelos supostos maus-tratos cometidos contra os alunos e por eventuais crimes contra a saúde pública.
“Há também evidências de violência não só física como também psicológica. Temos diversos autos de infração, a creche foi diversas vezes interditada, mas mesmo assim continuaram a funcionar. Uma situação que chamou atenção em relação a parte psicológica foi onde uma criança desenha diversos insetos baratas e as denominam como Nicole”, contou.
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Denúncia dos pais
Vídeos gravados na creche revelaram a presença de esgoto em uma janela, além de baratas e mosquitos no local de preparo dos alimentos. Algumas mães deixaram a creche em lágrimas após flagrarem a situação.
Assista:
Pais de estudantes questionaram a direção da creche sobre a qualidade da alimentação oferecida na instituição de ensino. Inicialmente, a equipe de diretores negou a existência de qualquer falha na merenda e argumentou que as crianças teriam passado mal por causa de uma virose.
À época, aproximadamente 15 crianças apresentaram sintomas de intoxicação alimentar. Além das condições insalubres da cozinha, os pais encontraram mofo em panos e babadores, bem como diversos muitos buracos nas paredes.
A direção da creche comunicou aos pais que pretendia fechar a unidade por uma semana para corrigir os problemas e direcionou os alunos para receberem atendimento em uma unidade na Asa Sul.
Cardápio em xeque
O cardápio da creche era semanal. Mas, segundo algumas famílias, a lista não foi apresentada na primeira semana de maio. Assim, os pais não souberam o que estava sendo servido para as crianças.
No dia 9 de maio, o cardápio apresentado para a janta coincidiu com os alimentos que as crianças vomitaram: arroz, feijão e frango. A creche havia previsto galinhada e caldo de feijão.
O almoço daquela data previa um feijão preto com carne, beterraba, brócolis e arroz. As famílias tiveram acesso a um prato que só tinha arroz, feijão e metade de um brócolis.
Pelas redes sociais, uma das mães desabafou e pediu Justiça. Ela classificou as condições da creche como “uma cena de horrores”.
Ouça: