Mesmo sem ambulâncias com médicos – e pacientes que sofrem por até três dias enquanto esperam para serem transferidos de leitos –, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Distrito Federal tem R$ 5 milhões em recursos não aplicados nas atividades-fim.
A equipe do gabinete do deputado distrital Gabriel Magno (PT) descobriu que recursos transferidos pela União para o Samu da capital federal estão parados em plena crise no serviço de urgência. Além disso, a deputada distrital Dayse Amarilio (PSB) recebeu denúncias com diagnósticos detalhados sobre o sucateamento da frota.
Uma pesquisa no Sistema Informatizado de Gestão Governamental (Siggo) feita por Magno, nesta quinta-feira (18/4), revelou que R$ 5.089.158,35 repassados pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) estão investidos no mercado financeiro.
Para esses casos, uma portaria do Ministério da Saúde prevê que valores repassados pela União e não aplicados sejam mantidos em fundos de aplicação financeira de curto prazo, lastreados em títulos da dívida pública e com resgates automáticos. No entanto, essa medida impede que os recursos cheguem a serviços destinados à população.
Diante das informações, o parlamentar apresentou denúncia ao Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Para ele, os recursos parados diante do cenário demonstram uma gestão ineficiente e o descaso do poder público com a população.
“O pior de tudo é que isso não acontece por falta de recursos. Constatamos que há, hoje, nas contas do GDF [Governo do Distrito Federal] mais de R$ 5 milhões enviados pelo governo Lula para manutenção da frota, [mas os recursos estão] parados nas contas do governo [local], o que é um absurdo”, criticou o parlamentar.
Ambulâncias sem médicos e paradas
A denúncia recebida pela deputada Dayse Amarilio sobre o sucateamento da frota detalha que, até às 13h desta quinta-feira (18/4), nenhuma das 10 unidades de Suporte Avançado (USA) – que contam com médico – estava nas ruas para atender a casos mais graves.
Além disso, segundo a parlamentar, das 30 unidades de Suporte Básico (USB) – sem médicos –, nove estavam paradas para manutenção.
Fila para UTIs e leitos
Além de resgates emergenciais, as equipes do Samu também ficam responsáveis pela transferência de pacientes entre unidades de saúde da rede pública. O serviço é essencial para proporcionar a continuidade adequada dos tratamentos e liberar leitos a outras pessoas.
Sem as ambulâncias, porém, alguns pacientes esperam pelo transporte por até três dias, segundo Dayse Amarilio, inclusive para casos necessários de internação em unidade de terapia intensiva (UTI). “Eles têm vaga, mas não conseguem ir para o leito por falta de transporte”, comentou a parlamentar.
Ao todo, 166 pacientes aguardam na lista por um leito de UTI em toda a rede pública do DF, segundo Dayse. “E temos 11 à espera da transferência, mas sem qualquer unidade avançada do Samu para fazer o transporte hoje [quinta-feira]. São pacientes graves que precisam das vagas e as têm, mas não conseguem chegar”, completou a deputada distrital.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde (SES-DF) para pedir posicionamento sobre as denúncias, mas não teve retorno até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.