O cenário de crise na saúde mental da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) fez com que a Justiça autorizasse um PM detido a ter atendimento fora da corporação. O coronel Paulo José Ferreira, preso em investigação relacionada ao 8 de Janeiro, teve “autorizado o encaminhamento à rede pública de saúde” para atendimento psiquiátrico.
A decisão é da Vara de Execução Penais (VEP), do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT). Em janeiro de 2024, a PMDF teve expostos diversos problemas relativos à saúde mental da tropa, após a morte de dois militares no Recanto das Emas, quando um dos homens, com problemas psiquiátricos, atirou no outro e tirou a própria vida.
Como o Metrópoles mostrou, a Polícia Militar do DF conta com apenas um médico psiquiatra, que estava de férias obrigatórias no período entre os dias 8 e 22 do último mês. Ao todo, 13 mil PMs do Distrito Federal foram afastados do trabalho em 5 anos. Em 2023, em média, a cada dia, seis tiveram de se ausentar das atividades policiais por estarem em sofrimento psíquico.
A Justiça, então, autorizou o tratamento do coronel Paulo José na rede pública, fora do sistema de saúde próprio da corporação. À princípio, apenas atendimentos de emergência de detidos são feitos nos hospitais da rede pública.
A Vara de Execução Penais ainda solicitou que a equipe de saúde prisional se manifeste “expressamente acerca da eventual necessidade de recebimento de tratamento médico particular” para o coronel.
Paulo José já estava em tratamento psiquiátrico desde 2017, como citou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF (CLDF). Ele desempenhava atribuições administrativas na PMDF e estava sem o porte de arma.