A mulher presa após se passar por promotora de Justiça para coagir o ex-companheiro e a atual namorada teria tentado enganar o homem em 24 de dezembro, véspera de Natal. Pelo fato de o Judiciário estar de recesso na data, a vítima desconfiou e levou a denúncia ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Segundo as apurações, a investigada fez contato com o ex-companheiro por meio de uma conta de WhatsApp, que também era falsa, cujo perfil apresentava uma “logo” do MPDFT e a palavra “plantão”.
Na ocasião, buscando fazer com que o homem acreditasse que se tratava de um contato oficial, a investigada acusou o ex-parceiro de ter descumprido as medidas protetivas que foram por ela própria requeridas. Ela dizia, ainda, que o homem seria preso.
“Ela entrou em contato comigo querendo entregar intimação. Do jeito que ela iniciou a conversa, já vi que não era do Ministério Público, pois sei que há todo um protocolo que eles seguem para fazer a identificação. Tudo bem explicado”, disse o ex ao Metrópoles. “Então, eu fui fazendo alguns questionamentos para a pessoa e ela enrolava para responder e distorcia a conversa”, acrescentou.
Segundo o homem, a identificação apresentada pela ex tratava-se de um print, o que chamou atenção dele. “Resolvi ligar para o plantão do Ministério Público, conversei e eles disseram que não havia nada que tinha de ser entregue a mim”, contou. “Outra coisa que eu sei é que intimação não é entregue por promotor, mas sim por um oficial de Justiça. Aí eu percebi que realmente não era uma promotora.”
Em seguida, ele notou que a maneira como a “promotora” escrevia era semelhante à da sua ex. “Até pelo jeito de escrever eu percebi que era ela. Então, comecei a fazer alguns questionamentos mais firmes e ela começou a me ligar, a colocar barulho de sirene na ligação, sem falar nada. Algo muito amador”, pontuou.
Após juntar as provas, a vítima ligou na ouvidoria do MPDFT e registrou a denúncia.
Prisão preventiva
Na quinta-feira (1º/1), a mulher foi alvo de operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na ocasião, a equipe cumpriu mandado de busca e apreensão contra a suspeita.
No mesmo dia, segundo consta no mandado de prisão, expedido pela 1ª Vara Criminal de Taguatinga, a mulher procurou uma promotoria para registrar queixa contra a equipe que atuou na operação. No local, ela teria se exaltado e dito que “deixaria os filhos órfãos”.
“Extremamente nervosa, [a detida] disse que já tinha procurado o Ministério Publico diversas vezes e nada era feito. Asseverou que era para avisar [ao promotor] que ela estaria indo atrás [do ex-companheiro] para fazer o trabalho do Ministério Público, que os filhos dela hoje estariam órfãos, que já teria se despedido de sua família e que estava tudo gravado e iria na televisão”, menciona o documento.
De acordo com o juiz que decretou a prisão preventiva da mulher, a decisão “é imprescindível para a garantia da ordem pública”.
“No caso em exame, há provas da materialidade do delito de ameaça e indícios suficientes de autoria. Isto porque as ameaças foram proferidas dentro da própria promotoria. Consta nos autos que a representada gera fundado e concreto risco para pessoas próximas a ela e para a incolumidade pública, estando evidenciado o seu destemor e comportamento afrontoso, sendo imperiosa a prisão para a garantia da ordem pública”, declarou o magistrado.
A suspeita foi detida na sexta-feira (2/2) por falsa identidade, usurpação de função pública e coação no curso do processo. A prisão dela foi pedida pelo Gaeco do MPDFT.
O caso
Após as ameaças por meio do aplicativo WhatsApp, a investigada o ameaçou a vítima de prisão, insistindo que, no momento em que trocavam as mensagens, o Ministério Público e a polícia estavam realizando diligências para prendê-lo.
Durante essa troca de mensagens, a mulher apresentou o print com o nome de uma promotora de Justiça que integra os quadros do MPDFT.
Namorada atual ameaçada
Além do contato com o rapaz, a mulher remeteu mensagens, via WhatsApp, para a atual companheira dele, ameaçando-a de ser presa por acobertar o suposto investigado.
As diligências comandadas pelo Gaeco conseguiram vincular o número telefônico utilizado para a prática criminosa à investigada. As ordens judiciais foram emitidas pela Vara Criminal de Taguatinga.