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Don Juan do louvor promete casamento à servidora e dá golpe milionário

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Com lábia afiada, usando de relações cristãs firmadas na igreja e transparecendo ser um profissional de sucesso, um homem investigado pelas polícias civis do Distrito Federal (PCDF) e do Acre, deixou um rastro de golpes nas duas unidades da federação. Se apresentando como empreiteiro e dono de uma suposta construtora, Abrahão Silva Evangelista, 30 anos, enredou uma servidora pública federal e embolsou quase R$ 1 milhão. Quando tentou reaver a quantia, a vítima ainda foi ameaçada pelo don juan.

De acordo com a apuração na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher I (Deam I), a servidora conheceu o suposto empreiteiro por meio de uma amiga, em março do ano passado. Todos frequentavam a mesma igreja. A amiga da servidora já havia feito negócios com Abrahão, o que deu segurança à vítima, que decidiu também entrar na empreitada.

O sonho da mulher era construir um tempo de louvor, e Abrahão agarrou a oportunidade, afirmando ser dono de uma construtora.  Em outubro do ano passado, a servidora transferiu R$ 900 mil  para a conta da empresa de Abrahão, com a promessa da construção do templo. Ele ficou de devolver o dinheiro em dois meses. Naquele momento, o don juan jogou a isca e fisgou a vítima ao garantir que estava apaixonado por ela. O golpista foi direito ao ponto, defendendo que o “relacionamento dos dois era de Deus e que o casal teria filhos”.

Veja imagens do don juan do louvor:


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Golpe

Ao perceber o golpe, a servidora se desesperou quando viu todo o patrimônio aportado em uma empresa que acumula ações trabalhistas e de execução. O estelionatário chegou a oferecer uma casa que havia construído em um condomínio no Jardim Botânico como garantia. A propriedade, avaliada em R$ 1,5 milhão, na verdade, estava alienada em nome de um banco e também já havia sido vendida para outra pessoa.

Assustada, a vítima passou consultar informações sobre a vida pregressa do empreiteiro e da empresa dirigida por ele. Muitos processos tramitam no Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) e do Acre (TJAC), abertos tanto por vítima que amargaram prejuízos quanto por funcionários que chegaram a trabalhar nas obras do golpista, mas nunca receberam os salários devidos.

Após uma série de tentativas frustradas de receber os valores devidos, e muitas cobranças em vão, o golpista partiu para o ataque. Tentou intimidar a servidora por meio de uma ligação telefônica, em março deste ano. O don juan teria esbravejado: “Você está sendo um estorvo na minha vida! Vou acabar com sua vida no emprego. É bom que você fique quieta. E outra coisa, eu só não te pago porque você me protestou”, teria dito o estelionatário.

Medida protetiva

Sentindo-se ameaçada, a servidora pública registrou uma nova ocorrência na Deam, e requereu medidas protetivas já deferidas pela Justiça. Durante todo o tempo que tentou negociar com o golpista a devolução do dinheiro, a vítima conseguiu reaver, de quase R$ 1 milhão — levando em consideração todos os juros bancários e correções — apenas R$ 30 mil.

Parte dos bens comprados pelo estelionatários, entre eles dois veículos de luxo, foram colocados em nome de duas secretárias de Abrahão. Um dos veículos, uma Mercedes C180, é usada por ele para andar pela cidade. Os terrenos, lotes e outras propriedades de supostos empreiteiro também figuram em nome das duas funcionárias. Segundo a servidora, as duas mulheres seriam laranjas do golpista.

Procurado pela coluna, o suposto empreiteiro afirmou que se manifestaria por meio de sua advogada. A defesa do suspeito disse, por meio de nota, que “todas as acusações imputadas pela suposta vítima, além de serem infundadas e absurdas, não possuem nenhum lastro probatório acerca de suposto crime de estelionato, inventadas unicamente com o intuito de atingir a honra do acusado.”

 

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