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Influencers do tráfico são presas após “merchan” de maconha para vape

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Descoladas e com milhares de seguidores nas redes sociais, três influenciadoras digitais, arregimentadas por uma rede internacional de tráfico de drogas, amplificavam a venda de refis com extrato de maconha, com alto teor de THC, por meio de perfis no Instagram.

As  influencers brasilienses foram presas preventivamente, nas primeiras horas desta quarta-feira (24/4), em uma operação deflagrada pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O trabalho ocorre no âmbito da Operação Nárke, do Ministério da Justiça.

As investigações da operação Refil Verde desmantelaram um esquema que operava lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas e crimes contra a saúde pública.

A organização criminosa, liderada por um casal de empresários de São Paulo, adquiria contas bancárias em nome de terceiros e utilizava empresas fantasmas para lavar o dinheiro do tráfico. A operação cumpre nove mandados de prisão e 12 de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo.


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O grupo criminoso mantinha websites e contas em redes sociais para o comércio eletrônico dos produtos, informando que estavam vendendo remédios para diversos tipos de doenças. Os traficantes utilizavam-se de números internacionais para o contato com os clientes por meio do WhatsApp.

Nesse momento, entrava em ação o trabalho dos influenciadores digitais, contratados país afora para divulgar a venda da droga nos respectivos perfis no Instagram.

“Rota da cera”

Sofisticado, o esquema internacional de logística, organizado para trazer os refis com óleo de maconha da Califórnia (EUA), chamou a atenção dos investigadores.

Um casal de traficantes adquiria o óleo da erva de fornecedores americanos. Em seguida, a droga era minuciosamente escondida dentro de potes de cera para depilação. Depois, os milhares de vasilhames deixavam o país norte-americano em aviões comercias.

A droga costumava aterrissar em solo paraguaio e cruzava a fronteira com o Brasil por meio de Foz do Iguaçu, no Paraná. Em sua última parada, a maconha líquida chegava a São Paulo.

Dentro de depósitos de propriedade dos criminosos, o óleo da droga era extraído com a ajuda de seringas e colocado dentro do refis, que eram anunciados em ações de marketing digital promovidas pelos influencers e pela própria revendedora.

A grande sacada dos traficantes vinha logo em seguida: a droga, já devidamente envazada, era camuflada dentro de colas em bastão – o que driblava o faro de cães policiais.

Logo depois, os produtos eram enviados via Correios para clientes de todo país. O volume de droga, segundo os investigadores, era imenso, com usuários espalhados por todas as unidades da Federação.

Tráfico no site

Em São Paulo, parte do bando manipulava as drogas e as colocava em refis de cigarros eletrônicos. Os criminosos misturavam solventes e aromatizantes ao óleo, e enganavam os clientes, pelos websites e redes sociais do grupo, alegando que estavam vendendo diferentes alterações genéticas de maconha.

De acordo com as investigações, profissionais de TI do Rio de Janeiro eram responsáveis pela construção das plataformas de comércio eletrônico do grupo, colaborando com a lavagem de dinheiro a partir da automatização dos pagamentos e utilização de documentos e dados falsos no contato com a rede bancária.

Parte dos insumos para a construção dos cigarros eletrônicos vinha da China, e os vapes eram personalizados, com a logomarca da organização criminosa, no Rio de Janeiro. O bando se aproveitava da falta de fiscalização nas redes socais para obter lucros milionários.

O esquema estava em expansão, criando rede de contatos em diversos países e websites, além de redes sociais reservas, para o caso de algum perfil ser derrubado.

Base de operação

Os líderes do grupo, também alvo da operação deflagrada nesta quarta, ficavam no interior de São Paulo e não tinham contato direto com as drogas, que eram enviadas a traficantes e usuários por meio de contrato com a empresa privada e postadas pelos Correios.

Os chefões operavam o mercado ilícito remotamente, usando e abusando de várias camadas de proteção para evitar que a polícia chegasse até eles.

Os investigadores também notaram a participação ativa de mulheres, exercendo, inclusive, papéis de liderança nas ações criminosas. O grupo tentava atingir um público maior, alegando funções terapêuticas para os produtos.

A operação conseguiu identificar nove integrantes do bando e bloqueou contas bancárias de pessoas jurídicas e físicas.

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