O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que a única maneira de resolver os problemas estruturais da Rodoviária do Plano Piloto é por meio da privatização do terminal. A declaração ocorreu durante agenda do chefe do Palácio do Buriti, na manhã desta sexta-feira (22/3), em Ceilândia.
“O problema da rodoviária é antigo. Sabemos disso tanto que estamos no processo de licitação para entregar [o terminal] à iniciativa privada. Isso [a privatização] é uma coisa de que estamos cuidando. É um processo que vem desde o início de nosso governo, passou pelo Tribunal de Contas [do Distrito Federal] e, agora, estamos na fase de licitação. Ali, só o que vai resolver é a entrega para a iniciativa privada”, ressaltou.
Cerca de 700 mil pessoas transitam pela rodoviária diariamente. Pelo terminal, circulam pedestres, ônibus, trens do metrô, táxis, ciclistas e veículos de transporte por aplicativo, em conexão com todas as regiões administrativas do Distrito Federal e diversas cidades de fora. Além disso, dezenas de serviços públicos e comércios operam na área.
Contudo, a infraestrutura da rodoviária, que marca o ponto de cruzamento entre os eixos Rodoviário e Monumental, no centro de Brasília, se deteriorou e, devido à falta de manutenção adequada e investimentos em acessibilidade, por exemplo, a população enfrenta diariamente escadas-rolantes inoperantes, elevadores fora de serviço, poluição atmosférica e sonora, insegurança e falta de conservação da estrutura física.
A saída defendida pelo Palácio do Buriti para resolver os problemas, sob chancela da Câmara Legislativa (CLDF) e do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), envolve a concessão do terminal à iniciativa privada. “O que estamos fazendo, por enquanto, é a manutenção, para tentar manter [a rodoviária] em funcionamento o mínimo possível”, completou Ibaneis Rocha, ainda na manhã desta 6ª.
foto-privatizacao-da-Rodoviaria-avanca-na-CLDF
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
Privatização da Rodoviária inclui estacionamentos
0
Tramitação
Em 13 de dezembro último, por 16 votos a 7, a CLDF aprovou o Projeto de Lei (PL) nº 2.260/2021. A matéria tratava da concessão da administração da rodoviária à iniciativa privada pelos próximos 20 anos. O texto foi sancionado pelo governador Ibaneis no seis dias depois, e o prazo para registro de lances por parte das interessadas fica aberto até 5 de abril.
As áreas afetadas serão:
Área locável do complexo da Rodoviária;
Publicidade nos painéis de informação do complexo;
Estacionamentos da plataforma e dos Setores de Diversão Norte (SDN) e Sul (SDS), com 2.724 vagas; e
Cobrança da acostagem dos ônibus e trens do metrô sob responsabilidade da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob).
A proposta de contrato prevê que a empresa selecionada fique responsável pela recuperação, modernização, operação, manutenção, conservação e exploração da Rodoviária e de “áreas adjacentes”. Ela também deverá repassar ao GDF um mínimo de 4,3% da receita bruta obtida por meio da exploração do espaço, um valor anual estimado em R$ 1,8 milhão.
Uma das justificativas do governo local para sustentar a necessidade de repasse da responsabilidade sobre a gestão do terminal envolve a onerosidade da conservação do terminal aos cofres públicos. Com a privatização por duas décadas, o Executivo distrital espera um investimento inicial de R$ 111,5 milhões por parte da empresa vencedora da licitação.
Confira:
R$ 55 milhões, nos primeiros quatro anos, para recuperação estrutural da edificação;
R$ 48,5 milhões, em três anos, para modernização; e
R$ 8 milhões, também no primeiro triênio, para instalação de centro de controle operacional.
Um dos pontos de polêmica durante a discussão do tema na Câmara Legislativa envolve o pagamento de aluguel por metro quadrado usado pelo próprio Executivo local para manter espaços em atividade na rodoviária, como o posto do Na Hora. Em contrapartida, o GDF conta com as obras de recuperação previstas para o local, ao custo de R$ 120 milhões.
Com o avanço das tratativas para privatização, outro fator que gera preocupação para quem depende do sistema de transporte coletivo é a possibilidade de aumento das passagens, devido à cobrança da tarifa de acostagem para empresas de ônibus e do metrô. Em resposta a esses questionamentos, no entanto, o governador Ibaneis, cujo mandato termina em 2026, sustentou que a alta nos preços dos bilhetes “com certeza não vai acontecer”.