Ao apontar para as rachaduras que atravessam as paredes de uma escola pública de ensino especial para 55 crianças, de 4 a 12 anos, uma professora que não quis se identificar alerta: “Vai cair na cabeça dos alunos”. Ela se refere às estruturas danificadas da Escola Municipal Maurício Moura, no Jardim Ingá. Veja os vídeos:
A situação ficou tão drástica que a Defesa Civil de Luziânia, município no Entorno do DF, vistoriou nessa terça-feira (2/4) a instituição e chegou a interditar uma parte da escola.
Segundo a prefeitura local, a avaliação considerou que não há risco “imediato” de desmoronamento, fechou as salas de aula com os estragos e vai funcionar parcialmente em rodízio nas três salas que “não sofreram rachaduras, enquanto aguardamos uma resolução” (veja abaixo a resposta completa).
“O chão está cedendo”, completou a professora. A escola foi inaugurada há apenas três anos – em 8 de abril de 2021, mas os problemas estruturais seguem como se fosse uma casa abandonada, de acordo com as denúncias. “A escola atende crianças autistas, cadeirantes, pessoas que estão em perigo, em condições completamente inadequadas”.
“Sofro crise de ansiedade cada vez que entro naquela sala”, denunciou a professora. “Mas foi o engenheiro da prefeitura e disse que estava tudo bem com a estrutura do prédio”, revoltou-se.
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Aulas remotas
A visita do engenheiro foi confirmada pela Defesa Civil. Inicialmente, a pasta interditou parcialmente a escola, por volta das 10h30. Às 14h30, as instalações foram vistoriadas uma segunda vez com a presença do engenheiro da prefeitura. Segundo a pasta, o técnico orientou para que a escola fosse desinterditada, para passar por reformas.
A prefeitura reforçou, em nota, que é importante que a equipe do Departamento de Obras e Estruturas (DOE) avalie adequadamente a situação e tome as medidas necessárias para garantir a segurança dos alunos e funcionários.
“Portanto, as aulas serão remotas durante esta semana, 2 a 5 de abril e para a próxima semana, já está sendo organizado um rodízio de aulas presenciais nas três salas que não sofreram rachaduras, enquanto aguardamos uma resolução”, concluiu a nota.
Jornada ampliada
Não é de hoje que os professores de Luziânia reclamam das situações precárias. Na semana passada, o Metrópoles publicou denúncias de docentes de que a secretaria municipal estaria punindo os profissionais que apresentam atestados médicos.
É que, mesmo com o documento, os profissionais não vão poder usufruir na semana de dois dias livres de coordenação, que são usados para organizar atividades, corrigir provas e até mesmo comprar lembrancinhas em dias comemorativos.
Revoltados, os professores fizeram três abaixo-assinados contra a Portaria nº 417, publicada em 14 de março, que abriu espaço para esse tipo de manobra.
Possibilidade de greve
A situação é tão grave que os professores antecipam uma assembleia que deve decidir paralisação da categoria. Inicialmente prevista para 9 de abril, novo comunicado informou que a reunião decisiva será na quinta-feira (4/4).
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), os professores não vão recuar até que haja correção da tabela para os profissionais do município.