Invasões constantes e roubos seguidos de estupros fazem parte da rotina de centenas de garotas brasileiras escravizadas por grupos criminosos envolvidos com o tráfico internacional de mulheres. Bandos especializados chegam a levar todo o dinheiro de prostitutas, pois sabem que as vítimas evitam, ao máximo, relatar os casos à polícia. Muitos dos crimes são planejados pelos próprios cafetões e agências que controlam a negociação dos programas.
A coluna teve acesso a alguns dos vídeos flagrados por câmeras de segurança instaladas no interior dos apartamentos ocupados por garotas de programa, em Londres, na Inglaterra. No último caso, ocorrido em março deste ano, uma jovem pulou da varanda do imóvel após se desesperar com o ataque de cinco homens encapuzados que invadiram o apartamento armados com facões e revólveres.
A mulher foi hospitalizada com uma série de fraturas nas pernas e lesões na coluna. Internada, a jovem conta com uma vaquinha virtual para arcar com os custos médicos no Reino Unido. Até o momento, a vítima juntou pouco mais de 4 mil euros. Como muitas das garotas de programa estão ilegais no país, o dinheiro em espécie amealhado com os programas é guardado em casa pelas mulheres e os criminosos sabem disso.
Veja imagens da garota programa que pulou de varanda para escapar de roubo na Europa:
Vídeo mostra rotina de assaltos das prostitutas brasileiras na Europa
Reprodução
Vídeo mostra rotina de assaltos das prostitutas brasileiras na Europa
Reprodução
Vídeo mostra rotina de assaltos das prostitutas brasileiras na Europa
Reprodução
Vídeo mostra rotina de assaltos das prostitutas brasileiras na Europa
Reprodução
Vídeo mostra rotina de assaltos das prostitutas brasileiras na Europa
Reprodução
0
Água fervendo
Uma modelo escravizada na Bélgica após ser aliciada por uma cafetina nascida e criada em Planaltina, no Distrito Federal, precisou seguir uma série de recomendações para escapar dos roubos. Alocada em um quarto sujo de um prédio que servia como depósito de drogas e boca-de-fumo, a garota de programa contou com dicas de uma travesti para escapar dos roubos.
Segundo a mulher, que passou momentos de terror na pequena província belga de Namur, as principais orientações eram sempre manter as malas prontas, espalhar pequenas quantidades de dinheiro em vários esconderijos diferentes no apartamento e ainda manter uma chaleira de água sempre fervendo.
De acordo com a vítima a água fervendo deveria ser usada para jogar no rosto e no corpo dos criminosos que invadissem o imóvel atrás do dinheiro juntado à custa de muitos programas. “A informação é que, muitas vezes, o próprio grupo criminoso contrata ladrões para fazerem o assalto e tomar o dinheiro das garotas. Assim, a rede de tráfico humano fica com 100% dos valores cobrados nos programas”, disse.
Veja alguns dos roubos cometidos contra garotas de programa na Europa:
Modelo traficada
A mulher traficada relatou ter chegado a fazer nove programas em um dia e revelou que precisava atender a todo tipo de homem, muitos drogados ou violentos. “Em uma das vezes, um albanês tentou me estrangular, após ele ejacular em três minutos de relação e ordenar que eu devolvesse o dinheiro que havia sido pago por uma hora de programa”, contou.
Em outra oportunidade, teve de atender um homem que havia consumido grande quantidade de cocaína. “Ele me deu um beijo, e minha boca ficou dormente em razão da quantidade de pó que ele tinha cheirado”, disse. Outros clientes queriam obrigar a garota a não usar preservativo. “Atendi um que tentou tirar a camisinha cinco vezes durante a relação.”
A clientela estava longe de ser formada por executivos, e o risco de roubo e estupro era constante, segundo a prostituta. A cafetina brasileira que mantinha as garotas no prédio em que operava a boca de fumo também oferecia a possibilidade de casar as sessões de sexo com a venda de drogas. “Eu não aceitei e passei a sofrer mais”, revelou.