A 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) deflagrou, nessa terça-feira (28/5), uma operação para investigar denúncias de maus-tratos contra crianças em uma creche no Sudoeste.
No início deste mês, a reportagem do Metrópoles denunciou que, após alunos passarem mal, com sinais de intoxicação alimentar, pais de estudantes flagraram condições insalubres na cozinha da creche. À época, diversas crianças apresentaram sintomas de intoxicação alimentar, como vômitos, diarreia e, em casos mais extremos, precisaram ser internadas.
A ação policial desta semana se deu após o registro de 22 ocorrências na 3ª DP, com relatos sobre crianças de até 3 anos que teriam sofrido maus-tratos na instituição. Diante de graves informações, a delegacia iniciou uma investigação aprofundada e, nessa terça-feira (28/5), cumpriu mandado de busca e apreensão na instituição de ensino.
Durante a ação, os policiais constataram diversas irregularidades, como: condições insalubres, pois a creche apresentava diversas situações precárias de higiene, com a presença de muitas baratas no local; falta de licenciamento, em razão de o estabelecimento já ter sido interditado por três vezes pela Vigilância Sanitária, mas continuava a funcionar mesmo com as advertências; e danos à saúde das crianças.
De acordo com o delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, para tentar ocultar as provas, os responsáveis pela creche tentaram se desfazer de um forno utilizado no local, jogando-o em um contêiner.
“No interior do forno, foram encontradas baratas que eram chamadas pelas crianças de Nicole”, conta o delegado.
A operação resultou na apreensão de documentos e outros materiais que serão analisados pela equipe de investigação. A PCDF ainda busca identificar todos os responsáveis pelos maus-tratos e crimes contra a saúde pública.
Denúncia dos pais
Vídeos feitos no local mostram esgoto correndo pela janela, baratas e mosquitos pelo local de preparo dos alimentos. Algumas mães deixaram a creche chorando após o flagrante.
Veja:
Pais questionaram a qualidade da alimentação para a direção da creche. A princípio, a equipe responsável pela instituição negou qualquer falha na merenda e ainda argumentou que as crianças teriam passado mal por causa de uma virose.
Segundo as famílias, aproximadamente 15 crianças tiveram sintomas de intoxicação alimentar. Além das condições insalubres da cozinha, os pais descobriram mofo em panos, babadores e muitos buracos nas paredes.
A direção da creche comunicou aos pais que pretende fechar a unidade durante uma semana para corrigir os problemas, sem oferecer alternativa de atendimento.
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Cardápio em xeque
O cardápio da creche era semanal. Mas, segundo algumas famílias, a lista não foi apresentada na primeira semana de maio. Assim, os pais não souberam o que estava sendo servido para as crianças.
No dia 9 de maio, o cardápio apresentado para a janta coincidiu com os alimentos que as crianças vomitaram: arroz, feijão e frango. A creche havia previsto galinhada e caldo de feijão.
O almoço daquela data previa um feijão preto com carne, beterraba, brócolis e arroz. As famílias tiveram acesso a um prato que só tinha arroz, feijão e metade de um brócolis.
Pelas redes sociais, uma das mães desabafou e pediu Justiça. Ela classificou as condições da creche como “uma cena de horrores”.
Ouça: