USS Gerald R. Ford tem cerca de 333 metros de comprimento e capacidade para dezenas de aeronaves; operação amplia presença militar dos Estados Unidos no Hemisfério Sul e eleva tensão com o governo de Nicolás Maduro
Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (24) o envio do porta-aviões USS Gerald R. Ford e de seu grupo de ataque para águas da América Latina e do Caribe — movimento que amplia substancialmente a presença militar americana na região e reforça a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. Segundo o Pentágono, a manobra integra uma operação destinada a “detectar, monitorar e desmantelar” atividades ilícitas que ameacem a segurança dos EUA no Hemisfério Ocidental. O anúncio, feito por porta-voz do Departamento de Defesa, vincula a mobilização à estratégia do governo americano para combater o narcotráfico.
O USS Gerald R. Ford é o maior porta-aviões em serviço, com cerca de 333 metros de comprimento e capacidade para dezenas de aeronaves. Sua escolta normalmente inclui destróieres, um cruzador, navios de apoio e submarinos de ataque — conjunto de poder de fogo superior à maioria das marinhas da região. A inclusão do Ford na área do Comando Sul torna a operação uma das mais relevantes em termos simbólicos e operacionais.
A movimentação ocorre em meio a uma série de ataques americanos a embarcações no Caribe e no Pacífico próximo à América do Sul, ações que o governo dos EUA vem justificando como operações contra embarcações ligadas ao tráfico de drogas. Autoridades norte-americanas afirmam tratar-se de medidas contra “narcoterroristas”. Críticos e governos da região, porém, têm questionado a legalidade e a transparência desses ataques, que já deixaram dezenas de mortos.
Nos últimos dias, o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, informou sobre mais um ataque a uma embarcação, e o total de operações desse tipo já havia sido contabilizado pela Casa Branca como significativo. O presidente dos EUA também afirmou que operações terrestres contra cartéis podem ocorrer em breve, declaração que elevou o temor de uma ampliação das ações militares.
A Venezuela respondeu à escalada com alertas e mobilização militar. O ministro da Defesa venezuelano disse que as Forças Armadas não permitirão um “governo ajoelhado aos interesses dos EUA”, e o presidente Nicolás Maduro pediu “paz” em apelo público em inglês. Caracas vê a ação dos EUA como ameaça direta e tem denunciado tentativa de desestabilização.
Além do objetivo declarado de combater o tráfico, analistas apontam que a presença do porta-aviões produz forte sinal político contra Maduro. O governo americano já classificou o presidente venezuelano como ligado a estruturas criminosas e chegou a oferecer recompensa por informações que levem à sua captura — postura que aumenta a tensão entre as capitais.
Governos da região e observadores internacionais têm criticado tanto a prática de atacar embarcações em águas internacionais quanto a falta de evidências públicas que liguem sempre as embarcações atingidas a organizações criminosas. Organizações de direitos humanos e alguns países pedem maior transparência e respeito ao direito internacional antes de se admitir operações militares com potencial de causar vítimas civis.
Com a chegada prevista do grupo de ataque ao teatro de operações do Comando Sul, diplomacia, segurança regional e direitos humanos ganham nova urgência: além do risco de incidentes com Estados vizinhos, a escalada pode afetar a cooperação no combate ao crime transnacional e elevar a possibilidade de confrontos diretos. Especialistas classificam o movimento como uma “escalada expressiva” que poderá ter efeitos duradouros na estabilidade hemisférica.
O que muda no curto prazo
- A presença ampliada permite maior capacidade de vigilância e ação aérea e naval na região, segundo o Pentágono.[
- As reações de Caracas e de parceiros regionais podem incluir mobilizações militares, alertas diplomáticos e apelos por mediação internacional.
- A controvérsia sobre a legalidade das operações e a exigência de provas públicas para justificar ataques deve gerar pressão por explicações junto ao Congresso americano e organismos internacionais.
JP NEWS / MUNDO


