Historicamente falando, os donos de empresas de ônibus que fazem o transporte público no Distrito Federal, sempre atuaram fortemente na Secretaria de Transporte, atualmente Secretaria e Mobilidade (SEMOB).
E nesta quarta-feira (1/9), o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) determinou que a Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade do DF (Semob) explique, em 10 dias, a autorização concedida para o adiamento de substituição da frota de ônibus que fazem o transporte coletivo na capital federal. O aumento do prazo extrapolaria o tempo previsto no edital e nos contratos de concessão para as empresas prestadoras do serviço.
A decisão do TCDF foi tomada após uma análise protocolada pelo deputado distrital Chico Vigilante, que apontou diversas irregularidades na vinculação do Edital de Concorrência 001/2011-ST, em comparação com a autorização na Ata da 395ª Reunião Ordinária do Conselho de Transporte Público Coletivo do DF.
Ou seja: as empresas Viação Piracicabana Ltda, Viação Pioneira Ltda, Consórcio HP-Ita, Auto Viação Marechal Ltda e Expresso São José conseguiram fazer com que distritais aprovassem, a toque de caixa, a generosa verba suplementar de R$100 milhões para “ajudar” o sistema…
E afinal, quem está mesmo no comando da SEMOB atualmente? Em 2020, o secretário de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob), Valter Casimiro foi um dos alvos da operação Circuito Fechado, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (3). A ação apura supostos desvios de R$ 40,5 milhões no Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), órgão do qual ele foi diretor-geral em 2015.
A Polícia Civil (PCDF) e o Ministério Público (MPDFT) deflagraram, na manhã do dia 10 de março deste ano, uma operação para apurar supostas irregularidades em contratos de publicidade no sistema de transporte público do Distrito Federal. A apuração apontou o “não repasse” de cerca de R$ 1 milhão ao GDF.
De acordo com a delegada Renata de Jesus, que está à frente das investigações, as agências de publicidade estariam praticando um “subfaturamento de preços”.
“As agências celebrariam um contrato praticando preços regulares de mercado, porém quando prestavam contas ao poder público, declarariam valores absolutamente inferiores aos efetivamente praticados”, explica.
Segundo as investigações, das 11 agências publicitárias que firmaram contratos de publicidade com as concessionárias de transporte público, somente três foram identificadas como efetivamente existentes e em funcionamento no endereço declarado ao governo do DF.
E agora a SEMOB, cujo titular, Valter Casimiro veio do governo de Michel Temer (MDB), continua atuando contra a população brasiliense ao permitir que ônibus já ruins continuem circulando por mais tempo na cidade. Além do preço alto das passagens, a SEMOB ainda dá uma “mãozinha” para as empresas.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) não deveria ter arrumado cargos no GDF para a turma de Temer que ficou desempregada em dezembro de 2018. O resultado têm sido escândalos, derrapadas e desprezo pelo cidadão da cidade. Basta ver que boa parte das operações que ocorreram até agora no GDF envolveram pessoas vindos do governo do MDB.
Colocar pessoas sem vínculos com a cidade, sem compromisso e principalmente já sendo investigadas por erros ou crimes no passado, não dá certo em nenhum governo que diz ser sério.
A SEMOB é uma vergonha e uma grande caixa-preta. Alguém duvida? E enquanto o TCDF faz o dever de casa e o deputado distrital Chico Vigilante (PT) é a única voz que aponta o cinismo da direção da SEMOB, resta agora o Ministério Público de Contas apurar com rigor por quê subitamente a Secretaria resolveu dar uma grande força às empresas de ônibus com o aval do GDF, que tem uma base sólida na CLDF.
E precisa investigar também quem foi o principal interlocutor junto à CLDF que convenceu rapidamente os deputados a votar o repasse extra milionário às empresas de ônibus.
Valter Casimiro pode até ter padrinho forte, mas é fraco demais no comando de uma importante Secretaria.
Fonte: Donny Silva.