Convenção nacional do PSDB ocorreu em Brasília nesta quinta-feira, delegando à executiva da sigla negociação para incorporação e federação
A convenção nacional do PSDB aprovou, nesta quinta-feira (5/6), a fusão com o Podemos, visando sobrevivência política após anos de encolhimento. Ainda há necessidade de discussões antes da formalização da aliança, o que deve ocorrer nos próximos meses. Juntas, as legendas contam com 28 deputados e sete senadores, se tornando a oitava maior bancada da Câmara e a quinta do Senado.
“Este não é um projeto para alcançar cláusulas, é uma alternativa de centro para o Brasil, e estamos dizendo que é possível sobreviver sem estar ao lado de governos, seja qualquer que sejam eles. Vamos apresentar um projeto programático de um partido liberal na economia e com atuação no campo social, uma alternativa ao lulopetismo e ao bolsonarismo”, completou Aécio Neves.
Oficialmente, a junção entre os partidos se dará por meio de uma incorporação. Ou seja, é o Podemos quem está sendo absorvido pelo PSDB, pelo menos juridicamente. Extraoficialmente, o acordo é tratado como uma fusão de fato, uma vez que haverá mudança no comando da nova sigla, nova redação do estatuto e até cogita-se trocar o tradicional 45 por outro número na urna.
O PSDB está impedido de realizar uma fusão, de acordo com a legislação eleitoral. Como a sigla está federada desde 2022 com o Cidadania, não poderia se fundir com outra, apenas incorporar.
A incorporação ocorreu por sobrevivência política. Diante do crescimento de outras siglas do Centrão e da direita, e também da recém-anunciada federação entre o PP e o União Brasil, lideranças tucanas e do Podemos temem encolher ainda mais diante da divisão do fundo eleitoral. Na convenção partidária, Aécio afirmou que, em 2030, o país terá cerca de cinco a seis agrupamentos partidários, entre siglas e federações.
A derrocada do PSDB
O partido amargou sucessivas crises, principalmente após a derrota de Aécio para Dilma Rousseff (PT) na disputa pela Presidência em 2014. Na eleição de 2018, perdeu representação para a nova direita, comandada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na sequência, brigas internas pelo comando da sigla levaram a debandadas de lideranças.
Os tucanos tiveram um presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2003. O partido também chegou a ter uma bancada de 23 senadores na 51ª legislatura, entre 1999 e 2003. Na eleição de 2022, não conseguiram sequer ter candidato à Presidência da República, e ainda perderam o comando do governo de São Paulo, após 28 anos consecutivos ocupando o Palácio dos Bandeirantes.
O último sinal da derrocada do PSDB ocorreu em 2023, quando perdeu até o direito a ter liderança no Senado e foi despejado do privilegiado gabinete tradicionalmente ocupado pela sigla, localizado no Salão Azul da Casa.