Preces e protestos de familiares e amigos marcaram a cerimônia de despedida de Enzo Gabriel no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, na segunda-feira (20/5). Na hora do adeus, balões brancos foram soltos, embalados por gritos de justiça. O bebê morreu na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Recanto das Emas, após esperar por transporte para uma unidade de terapia intensiva (UTI) durante uma madrugada inteira. Para a família, houve negligência.
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Os pais de Enzo, Cícero Jarbson Albino Alves, 28, e Cleuzivânia Alves da Silva Aguiar, 21, exigem que providências sejam tomadas, para que tragédias semelhantes não se repitam. “A dor da perda é um coisa que ninguém vai recompensar, por mais que a justiça seja feita. Mas, talvez, traga um pouco de consolo”, disse a mãe do bebê.
A família lembra com a aflição das promessas de uma ambulância para o transporte do garoto. Com esperança, os pais ligaram para amigos e familiares, mas o transporte não veio. Pela lembrança do casal, foram pelo menos 8 horas de espera. Ao longo da madrugada, Enzo sofreu quatro paradas cardíacas . “Eu chamava as enfermeiras. ‘Meu filho está sofrendo com dor’”, disse o pai do menino.
Enquanto esperava, Cícero pediu por socorro. “‘Ajuda meu filho!’ Eu falei, três, quatro vezes durante a noite”, lembrou. No entanto, a criança não sobreviveu. “As crianças não merecem passar por isso. Os pais não merecem passar por isso. Ninguém merece. A gente paga para ter um atendimento”, ressaltou. Para os pais, além da demora na chegada da ambulância, faltou o suporte devido para Enzo enquanto ele estava na unidade de saúde.
Por quê?
“Por não fez a remoção da criança se o estado dela é tão grave? Essa é a pergunta: cadê a ambulância? Cadê o amor à profissão? Cadê o amor ao próximo? Isso tudo custou a vida do nosso filho. Nosso filho era tudo para gente. Nossa esperança acabou quando a ambulância não chegou”, desabafou. O casal registrou ocorrência na 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas)
“Onde ele passava chamava a atenção de forma carinhosa. Soltava beijo. Chamava: oi, oi, oi. E a pessoa tinha que olhar se não, ele não parava. A história que ele fez na Terra foi muito linda. Só lamentamos a forma como ele nos deixou”, concluiu Cícero.
O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pela gestão das UPAs, lamentou o episódio, mas negou falha ou negligência no atendimento de Enzo.