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Em parceria com a Emater, terapia resgata autoestima de produtoras do PAD-DF

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Proporcionada pela Emater-DF, terapia com mulheres do PAD-DF tem resultados positivos

Resgatar a autoestima e a saúde física e emocional de mulheres de áreas rurais foram as motivações que levaram o escritório da Emater-DF no núcleo rural do PAD-DF, região do Paranoá, e um grupo de terapeutas a desenvolver um projeto voluntário na área. A proposta, que agradou produtoras da região que participaram dos encontros semanais do “Divã – Histórias de Maria (o despertar)”, é voltada para mulheres portadoras de sintomas psicossomáticos.

Trabalhando a autoconfiança e o autoconhecimento junto às mulheres, as terapeutas Litsu Odaguiri Enes Oliveira e Helielma da Silva Oliveira, juntamente com a colaboração de Manary Nery Chao, resgataram o brilho no olhar das mulheres, que muitas vezes se sentem esquecidas. Com a terapia, muitas relatam melhora na qualidade de vida familiar, na percepção sobre elas próprias e no olhar sobre os acontecimentos a sua volta.

Para surpresa das terapeutas, o engajamento das mulheres ultrapassou todas as barreiras. “Elas tiveram uma vontade de mudar tão grande que as dificuldades, que também eram grandes, se tornaram pequenas. As mulheres se entregaram à terapia sem medo. Teve uma transformação fantástica da autoestima e da confiança”, destaca Litsu.

O gerente do escritório da empresa no PAD-DF, Marconi Borges, reconhece a importância de trabalhar o potencial e o emocional das mulheres de áreas rurais, principalmente pelo sentimento de opressão. “A gente vê que a mulher tem que engolir calada a decisão dos maridos e isso também angustia muito as mulheres. A Yoko [extensionista da Emater-DF] teve essa ideia de fazer uma clínica de terapia com algumas mulheres e esse sentimento ficou muito aflorado. Foi uma oportunidade para que elas pudessem conversar e trabalhar suas angústias”, afirma. Nesse sentido, as mulheres se descobriram como parte da família e das decisões.

Para ele, a iniciativa revelou a necessidade desse tipo de trabalho junto às mulheres. “A pequena produtora rural não tem condição de pagar um tratamento e muitas vezes sequer tem conhecimento desse tipo de trabalho. A aceitação foi tão grande que elas próprias sugeriram que isso fosse feito também para os maridos. Vamos fazer o máximo possível para que esse trabalho continue. É claro que tem que ser sempre nessa forma de gratuidade. A Emater está sempre com essa preocupação de trazer qualidade de vida para a família rural”, destaca.

Mulheres fizeram atividades, relataram dificuldades e medos e superaram traumas

 

Dificuldades superadas

Diante das dificuldades, para proporcionar os encontros, extensionistas da Emater-DF na região auxiliaram com transporte e produtoras que tinham condução própria também se organizavam para levar outras participantes. Dessa forma, todas seguiam ansiosas para os encontros semanais que tiveram início em janeiro deste ano. Com a pandemia, respeitando a Organização Mundial da Saúde quanto ao distanciamento social, os encontros passaram a ser online.

De acordo com a terapeuta Litsu, falar de forma online com as mulheres foi o meio encontrado para que os resultados da terapia não se perdessem. “A  pandemia mexeu com todo o mundo. Como na área rural grande parte não tem acesso a uma boa internet, a gente decidiu manter um acompanhamento diário via WhatsApp, onde a gente propõe exercícios, orientações e as mulheres compartilham experiências, dificuldades e superações por meio de áudios”, conta.

As terapeutas ainda esperam encerrar o curso com entrega de certificado de participação e medalhas, quando passar o período de isolamento social. “É importante esse simbolismo. Essas mulheres enfrentaram as dificuldades, não faltaram, foram participativas durante os encontros e achamos muito importante que tenha esse reconhecimento”, disse.

“A terapia ajuda a gente a superar muita coisa que a gente sofreu de trauma de infância. Ajuda também a recuperar a autoestima e algumas outras coisas que a gente têm dificuldades de superar. Eu acho que se eu não tivesse tido essas aulas a situação agora, diante dessa pandemia, estaria bem mais difícil na convivência familiar”, conta Maria José Pereira de Carvalho, 44 anos, moradora do Acampamento Carlos Marighella, onde vive com os três filhos e o marido.

A iniciativa, de acordo com a extensionista da Emater-DF Yoko Odaguiri, começou desprentesiosa, atendendo um pedido de uma das produtoras que estavam precisando do auxílio de um fisioterapeuta. “Chamei minha sobrinha, que também é fisioterapeuta, mas expliquei que as mulheres não podiam pagar. Ela logo se prontificou até para atender mais pessoas e ficou impressionada quando viu a diferença entre o público rural e urbano. Foi aí que ela propôs essa terapia”, relata Yoko, que também ressalta o total apoio do gerente da Emater.

“Abriu tanto a visão delas que elas viram a necessidade de os maridos também fazerem a terapia”, comemora a extensionista. Para as terapeutas, a oportunidade proporcionada por meio da Emater-DF trouxe muito aprendizado. “É um crescimento também para a gente. A terapia é mão dupla. A gente tem esse crescimento junto com o paciente. Uma delas enviou um áudio dizendo que antes se sentia rejeitada, sem voz, mas que a terapia deu voz a ela e de uma maneira suave, mais leve, sem agressividade. Esse resultado eu agradeço muito à Emater e toda a equipe”, afirma Litsu.

O resultado também é visto nas palavras da produtora no PAD-DF, Francislaine da Silva, 44 anos, ao afirma que as mulheres do campo também sentem angústias, estresses, pressões. “Eu nunca tinha visto ou participado de uma terapia. É a primeira vez que tá acontecendo aqui. Tira o estresse, tira a depressão e também é bom pelas amizades que a gente tem, poder sair um pouco de casa. Apesar de morarmos na roça, a nossa rotina aqui é muito fatigante. Não são só as mulheres da cidade que têm estresse, as mulheres da roça também”, desabafa.

Para Marizangela de Fátima da Silva Reis, 40 anos, a terapia trouxe novas esperanças. “Nesses encontros a gente desabafa e tira toda a angústia, toda a dor no coração, toda tristeza e sai renovada. Hoje, o que a gente mais vê na televisão é o mal da depressão. Se não fosse a Emater trazer isso aqui para a gente, a gente não estava sendo assistido.”

Moradora da Quebrada dos Neres, Leididaiane Silva, 31 anos, acredita que a terapia tem ajudado a superar a depressão. “Eu tomava remédio e já tive momentos muito difíceis. Nem todo mundo consegue entender. Com essa terapia, ajudou muito aqui dentro da minha casa. Meu marido fala que eu estou mais tranquila, mais calma e cuidando mais de mim. Hoje eu já tenho mais disposição, atitude, penso mais positivo e me sinto bem melhor”, diz.

(Joelma Pereira – Ascom/Emater-DF)

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